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Belo Horizonte reforça a luta em defesa da criança desaparecida

ato BHCom a intenção de colocar em debate o problema das crianças desaparecidas no país e promover a divulgação de medidas de prevenção para médicos e a população em geral, o Conselho Federal de Medicina (CFM), juntamente com o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG), promoveu no dia 29 de março, no centro de Belo Horizonte (MG), um ato público que celebra a Semana Nacional de Mobilização para a Busca e Defesa da Criança Desaparecida.

Doze crianças desaparecem por dia em Minas Gerais. Entre janeiro de 2014 e fevereiro de 2016 foram registrados cerca de 10 mil casos de menores que sumiram. Com estes números, as entidades médicas chamaram atenção de um problema nacional. “O número de crianças desaparecidas é muito maior do que as pessoas imaginam. No Brasil é uma a cada 15 minutos, 50 mil por ano. Por isso é tão importante que os profissionais notifiquem qualquer tipo de violência observado. Defendemos o lugar dos médicos junto a população”, ressaltou o conselheiro federal Donizetti Giambernardino Filho, membro da Comissão de Ações Sociais do CFM.

De acordo com o delegado da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida da Polícia Civil de Minas Gerais, Hudson Sales, os boletins de ocorrência devem ser feitos imediatamente e a qualquer dia da semana. “Não existe um prazo para oferecer denúncia. Se a criança desapareceu imediatamente vá até a delegacia mais próxima para fazer o registro da ocorrência. Precisamos começar a trabalhar em rede, com outros órgãos, principalmente na área de saúde. Por isso, iniciativas, como a do CFM, são importantes”.

Mães e parentes de crianças desaparecidas também elogiaram a ação do CFM. Com o filho Pedro desaparecido há dois anos, Maria de Lurdes se uniu a outras onze mães e criaram o Grupo “Onde Estão os Nossos Filhos”. Para ela, iniciativas como dos Conselhos de Medicina só colaboram e reforçam a uma “luta que não tem resposta e que não acaba”.

O ato na Praça da Liberdade destacou o trabalho com a busca dos desaparecidos e cobrou respostas efetivas das autoridades. A atividade contou ainda com apresentações voluntárias do cantor Pedro Moraes com a banda Sofranz, do Trio de médicos Cappuccino’s, e da banda Power Trip.

O problema do desaparecimento – Em Minas Gerais, segundo dados da Polícia Civil, as cidades com maior número de menores desaparecidos são Belo Horizonte (1.653), Uberlândia (534), Contagem (529), Betim (428), Ribeirão das Neves (416) e Juiz de Fora (309). Os dados, referente a janeiro de 2014 a fevereiro de 2016, potencializam o problema, já que a maioria, até o momento, não teve desfecho do caso.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), Fábio Guerra, destacou a relevância e urgência de medidas preventivas: “os números mostram a gravidade deste risco social. Apoiamos essa causa importantíssima e convocamos todas as entidades médicas e população a participar do ato em Belo Horizonte. Pequenas atitudes e colaborações podem ajudar a reduzir a incidência de desaparecimentos de crianças e adolescentes no país”.

O caso nacional é ainda mais grave por conta da falta de políticas públicas. Membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, apontou que um dos principais problemas é a falta de um cadastro nacional. Há grande expectativa em relação ao seu funcionamento efetivo, após ter sido criado por lei em dezembro de 2009. Segundo ele, sua ausência deixa as famílias sem suporte oficial. “O País precisa urgentemente de uma ação estratégica sociedade avançar unida no combate a esta mazela. Não se fala de esforços onerosos ou complexos. Medidas simples ajudariam a reduzir a incidência de desaparecimentos de crianças e adolescentes”.

Na oportunidade, ainda foi apresentada aos mineiros iniciativa do CFM, por meio de sua Comissão de Ações Sociais, que pretende envolver médicos e outros profissionais da saúde na prevenção e no combate ao desaparecimento de crianças e adolescentes.  Por meio da Recomendação nº 4/2014, o CFM orienta os médicos a prestarem atenção nas atitudes desses pequenos pacientes. “Acreditamos que os médicos podem ser um canal para encontrar essas crianças, uma vez que elas podem passar por um consultório”, destacou o 1 secretário do CFM, Hermann von Tiesenhausen.