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Discurso de André Dubeux durante posse do Cremepe

imageMeus senhores e minhas senhoras,

Quis o destino que ao completar meio século de vida receberia a missão de presidir o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco. Conduzir os destinos da Instituição que tem como missão maior zelar pelo exercício ético da medicina, pelo seu prestígio e bom conceito perante a sociedade e, consequentemente pela qualidade da assistência médica , representa para mim motivo de muita honra e grande emoção – decerto um dos momentos mais significativos da minha existência.

Nossa preocupação é proporcional a nossa alegria, tamanho os desafios a serem enfrentados.O Conselho Regional de Medicina de PE, de uma entidade com atuações eminentemente cartorial, judicante e fiscalizatória, passou a ter uma participação política e social, nos últimos anos

O CREMEPE foi criado por um grupo de médicos em 1958 e teve como seu primeiro presidente o saudoso Prof. Antônio Figueira. Durante essas quase seis décadas, tivemos 15 presidentes. Todos desempenharam suas funções norteados pelo principio da responsabilidade na luta por melhores condições de trabalho para a categoria médica. Como também de uma medicina de qualidade para a população, seja na área pública ou privada. Fazer parte no futuro dessa galeria de ex-presidentes me envaidece. Mas é com muita humildade que reconheço perante a todos vocês como será difícil e espinhosa esta missão. Não é nossa função transigir com aqueles que desempenham a medicina de forma antiética. Não é nossa função transigir

também com os gestores públicos ou privados que não primem pelo desempenho de uma medicina humana e de qualidade. Nosso trabalho tem sido o de cobrar e assim continuaremos.

O SUS foi a maior conquista social deste país. Os avanços marcantes nas cirurgias de transplantes, SAMU e programa de imunização seguem como exemplos da excelência do nosso Sistema Único de Saúde.Pelo princípio constitucional, esse sistema deve garantir a todos os brasileiros, sem quaisquer formas de distinção, o acesso a uma cobertura integral. Ao completar 28 anos, porém, o SUS ainda não conseguiu articular universalidade, integralidade e equidade conforme foi criado, com a Constituição de 1988. É bem verdade que o atendimento na rede pública, legalmente garantido a qualquer pessoa, é oferecido sem que se tenha de pagar. Porém, nem todos os brasileiros têm serviço de saúde no município em que moram; nem todas as unidades têm profissionais; e consultas, principalmente com especialistas, assim como exames, cirurgias e demais procedimentos podem demorar meses para ocorrer. Apesar do sucesso do SUS em muitas áreas, o atendimento geralmente – e não em todos os casos, diga-se de passagem – está distante do ideal em termos de qualidade e resolutividade .

O subfinanciamento está na raiz de tamanho descontentamento. Consenso entre especialistas, profissionais e ativistas, o diagnóstico da saúde aponta para diversos tratamentos, a maioria deles baseada no mesmo remédio: mais recursos. Ou, na sua fórmula genérica, mais dinheiro no caixa do SUS.

Nesses 28 anos, o maior sistema público de saúde do mundo, que atende a 75% da população brasileira, vem sendo sucessivamente negligenciado. As entidades médicas nacionais, vêm numa verdadeira luta entre o rochedo e o mar,

denunciando à sociedade civil esta situação. Estamos cansados de ses acusados , injusta e maquiavelicamente pelo Governo Federal, de pouco colaborativos para que o sistema funcione. Pensar que os problemas da saúde pública deste país vai ser resolvidos, com nossa boa vontade e o estetoscópio no pescoço, é no mínimo um acinte.

Vivemos a maior crise institucional neste país. Não é só política, econômica, social mas principalmente moral, onde os princípios éticos e a honestidade foram colocados na sarjeta por um grupo político, com o intuito de se perpetuar no poder. Na saúde pública, vivemos o surto das arboviroses , no caso dengue, zika e chikungunya, com causas e consequências ainda não totalmente esclarecidas. As discussões e o planejamento para seu enfretamento, baseiam-se eminetemente no combate ao vetor, colocando a culpa na população pela proliferação do mosquito. Em parte, nós até concordamos. Todavia somos radicalmente contrários a esta terceirização de culpa, quando na verdade a população armazena água em qualquer vasilhame pois não tem acesso à água, sem falar na falta de saneamento. Pelo tamanho do problema, a União deveria planejar e disponibilizar recursos para garantir aos estados e municípios a democratização do acesso à água , tanto potável bem como os resíduos sólidos.

Neste momento, peço a Deus que nos ajude a transpor os percalços que terei pela frente investido de inteligência, hombridade e senso de justiça. Conto com ajuda de todos para ao final do nosso mandato olhar para minha família, meus colegas médicos e dizer:”Termino esta missão com a consciência do dever cumprido.

Meus agradecimentos especiais aos meus pais Aluisio e Anunciada por terem nos ensinado que honestidade não é virtude e sim obrigação.

Aos meus irmãos pela lealdade e amizade .

Á minha amada esposa Judith, que vem proporcionando nos 22 anos de convivência exercício diário de amor, compreensão e cumplicidade.

As minhas princesas Júlia e Laura, razões da minha vida, que com sua chegadas me fizeram entender o real sentido da palavra amor.

Recebam todos os meus agradecimentos por terem comparecido a este momento tão importante da minha vida e boa noite.