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Medidas preventivas e educativas podem reduzir a incidência de gravidez precoce

Ficar grávida é o desejo de muitas mulheres, inclusive das adolescentes. No entanto, a gravidez na adolescência pode transformar um momento vital em crise e também oferecer riscos às adolescentes, aos recém-nascidos, às famílias e também para a sociedade. O alerta é do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que nesta semana divulgou o Guia Prático de Atualização sobre a Prevenção da Gravidez na Adolescência.

O documento, que integra uma série de ações programadas pela SBP sobre o tema, tem como objetivo disseminar medidas preventivas e educativas. Além disso, pretende incentivar o debate acerca da Lei nº 13.798/2019, que institui a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, e que passará a ser celebrada anualmente a partir de 1º de fevereiro.

ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO.

Segundo o Guia, são considerados adolescentes os indivíduos que têm entre 10 e 20 anos incompletos. No mundo, esse grupo etário representa entre 20% e 30% da população mundial e estima-se que no Brasil essa proporção alcance 23%. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a gravidez nesta faixa etária pode elevar a prevalência de complicações maternas, feitais e neonatais, além de agravar problemas socioeconômicos existentes.

“Dentre os problemas de saúde nessa faixa etária, a gravidez sobressai em quase todos os países e em especial, nos países em desenvolvimento”, destacam os especialistas. Segundo eles, a gravidez na adolescência pode aumentar custos associados ao evento para o sistema de saúde, elevar as taxas de mortalidade e também impactar no futuro de várias gerações.

De acordo com o documento, a desinformação sobre sexualidade, direitos sexuais e reprodutivos são os principais motivos para a gestação na adolescência. Além disso, questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, incluindo o uso inadequado de contraceptivos como métodos de barreira e preservativos.

Outras situações que fazem parte desse quadro são: a falta de um projeto de vida e expectativas de futuro, educação, pobreza, famílias disfuncionais e vulneráveis, abuso de álcool e outras drogas, além de situações de abandono, abuso/violência e a falta de proteção efetiva às crianças e aos adolescentes.

“Maternidade e paternidade são momentos do ciclo de vida familiar que exigem responsabilidades legais e socioeconômicas perante o filho gerado, além da obrigação de responder pela ação própria. Muitas vezes, isso não acontece ou é dificultado na adolescência, seja por sua imaturidade ou pela falta de independência, causando mais riscos que resultam no abandono do recém-nascido não desejado e não programado ou pelo número elevado de abortamentos realizados e assim pela perpetuação da exclusão social”, diz o texto.

RISCOS E COMPLICAÇÕES – Os fatores que estão correlacionados com as complicações e gravidade da gestação são a idade da adolescente, paridade, início e aderência ao pré-natal, ganho de peso e aspectos nutricionais, sendo os maiores riscos para meninas com menos de 16 anos, especialmente menores de 14 anos, ou com menos de dois anos da primeira menstruação.

Há também a influência de fatores psicossociais como a presença ou ausência do apoio familiar, apoio ou não de companheiro ou pai do recém-nascido, e fatores ambientais como acesso aos cuidados básicos em saúde. Outro aspecto abordado é a interrupção da vida escolar, que compromete a continuidade da educação formal e resulta em menor qualificação e obstáculo nos seus projetos de vida.

EDUCAR PARA PREVENIR – No documento, a educação é listada como um dos mais importantes fatores de prevenção. Nesse aspecto, é necessário considerar a educação abordando sexualidade e saúde reprodutiva, tanto no meio familiar quanto na escola, com abordagem científica, e nos programas de promoção à saúde.

“A educação sexual integrada e compreensiva faz parte da promoção do bem-estar dos adolescentes e jovens, realçando o comportamento sexual responsável, o respeito mútuo, a igualdade e equidade de gênero, assim como a proteção da gravidez inoportuna, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, defesa contra violência sexual incestuosa e outras violências e abusos”, descrevem os pediatras.

ANTICONCEPÇÃO – No ano passado, o DC de Adolescência da SBP, em conjunto a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), publicou o Guia Prático de Atualização “Anticoncepção na Adolescência”, documento que trouxe estratégias de prevenção e que reforçou o papel dos pediatras neste cenário. Também compuseram o guia aspectos éticos sobre a prescrição de anticoncepcionais na adolescência, fatores que levam ao início da atividade sexual nessa faixa etária, além de recomendações específicas aos especialistas.

Participaram da elaboração do documento pelo DC de Adolescência da SBP os drs. Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (presidente); Evelyn Eiseinstein (secretária); Patrícia Regina Guimarães; Elizabeth Cordeiro Fernandes; Lilian Day Hagel; Halley Ferraro Oliveira; Beatriz Elizabeth B. Veleda Bermudez e Tamara Beres Lederer Goldberg. Colaboraram as especialistas dras. Isabel Bouzas e Karine Ferreiras dos Santos.