Com imensa tristeza, o Cremepe lamenta o falecimento do cirurgião Antônio Vieira da Rocha Filho, nesta quinta-feira (15/04), aos 86 anos. Dr Vieira era referência em saúde pública, “entusiasta inveterado” pelos programas de Saúde da Família e seu maior orgulho era “andar em Caruaru, feira a dentro, todo mundo me conhecendo, querendo falar comigo”, disse Dr. Antônio Vieira da Rocha Filho em entrevista concedida à médica Cristina Cavalcanti.
Em 2019 recebeu a medalha de honra ao mérito Maciel Monteiro da Associação Médica de Pernambuco, de 1993 à 1998 foi conselheiro do Cremepe, fez pós-graduação em Saúde Coletiva pela Fundação Oswaldo Cruz, foi Secretário Municipal de Saúde por oito anos e Vice-Prefeito de Caruaru. Sempre atento a mortalidade e a desnutrição infantil. Dr. Vieira fará muita falta aos pacientes, colegas e familiares. Neste momento, o Conselho expressa condolências.
Confira o discurso da médica Cristina Cavalcanti na medalha Maciel Monteiro (2019) sobre a vida do Dr. Antônio Vieira:
“Antônio Vieira da Rocha namorou Auxiliadora desde o tempo da Faculdade de Medicina do Recife. Ambos colaram grau em 1959. Ela fez residência em Anestesia em São Paulo. Ele, em Cirurgia Geral no Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro. Ele de Campina Grande. Ela, primeira mulher especialista em anestesia de Pernambuco, filha de Caruaru. Optaram pela cidade dela e enfrentaram a dura Medicina de antigamente. Construíram família e foram pais de Fabio, Teresa e Maria José.
Naquele tempo, a mortalidade infantil era um terror. Bom cirurgião geral, cansou de fazer traqueostomia em meninos com difteria, cirurgias por vezes complexas, para salvar meninos obstruídos por áscaris ou por bolos de queratina formados a partir da má digestão de tanajuras.
Naturalmente, o interesse pela Saúde Pública e pela política municipal foi tomando espaço em sua vida. Fez pós-graduação no Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva da Fundação Oswaldo Cruz, foi Secretário Municipal de Saúde por oito anos e Vice-Prefeito de Caruaru. Sempre atento a mortalidade e a desnutrição infantil.
Declara-se — hoje — “entusiasta inveterado” pelos programas de Saúde da Família. Fala, com orgulho, dos 26 programas que organizou nesta área. Discorre sobre o assunto com eloquência, muito risonho e ancho. O Centro de Estudos de Caruaru encarregado da formação destes especialistas traz o nome de “Unidade de Saúde Escola Dr. Antônio Vieira da Rocha” — denuncia Dra. Auxiliadora sua companheira, sentada a meu lado por ocasião da entrevista.
Atendendo minha sugestão fala, das coisas que mais ama. Menciona a Faculdade de Medicina de Caruaru e de seu “ensino integrado”. Seu gosto pela filosofia, dos dez mil volumes de sua biblioteca bem catalogada. Quando provocado confessa, meio encabulado, que, na verdade, seu maior orgulho é: “andar em Caruaru, feira a dentro, todo mundo me conhecendo, querendo falar comigo, me agradecer, como se eu só tivesse tido sucesso e casos bons” Essa confissão de tanta beleza confirmava a raridade da pessoa humana que então entrevistava e que iria saudar na noite de hoje. Senti-me muito honrada em conhecê-lo”.
