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Jovens médicos fazem cursinho para residência

Novo filão tem crescido a cada ano devido à alta concorrência para especialização. Maior número de candidatos se encontra nas áreas de dermatologia, ortopedia, oftalmologia e clínica médica

SÃO PAULO – Foram três anos de cursinho pré-vestibular. Seis anos de graduação na Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, e, desde o começo de 2006, mais dez meses de cursinho para a prova de residência em oftalmologia. O médico recém-formado Alan Barreira, 25 anos, segue uma tendência cada vez mais comum entre os estudantes de Medicina: dividir o tempo de estudo entre os plantões, nos dois últimos anos de faculdade, e um curso especializado em aprovar alunos nos exames das principais faculdades e hospitais do País.

A residência é um dos caminhos da especialização para o médico. O outro é fazer a prova das sociedades e associações de especialidades médicas. As residências mais concorridas costumam ser as de dermatologia (130 candidatos para 6 vagas na Universidade Federal de São Paulo-Unifesp, por exemplo), ortopedia (80 disputando 5 vagas também na Unifesp), oftalmologia e clínica médica. “Valeu a pena fazer o cursinho, mas não é isso que vai decidir o sucesso”, diz Barreira. “O importante é ter feito um bom internato (os últimos anos da faculdade).”

Pelo menos três grandes cursos – MedCel, SJT e MedCurso – já têm suas filiais espalhadas por todo o País. O primeiro tem ainda unidades em Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba, na Bolívia, destino de muitos alunos brasileiros. As aulas acontecem durante os finais de semana e contam com atividades online, além de serem transmitidas via satélite para as unidades mais distantes. O curso dura um ano e custa entre R$ 350 e R$ 500.

“Temos 52 unidades em todo o País, e outras 20 aptas a receber as aulas. Basta haver a demanda e estaremos lá”, diz Atílio Gustavo Blanco Barbosa, diretor do MedCel. O SJT também tem planos de expandir suas 22 filiais no País. O curso, aberto há oito anos em São Paulo, tem cerca de 2,8 mil alunos e deve englobar mais dez unidades em 2007. “O curso é uma revisão da faculdade”, diz o coordenador pedagógico do SJT, Raimundo Araújo Gama.

A direção da MedCurso foi procurada pela reportagem, mas não retornou as ligações.

Apesar do sucesso dessas empresas, a opinião da maioria das faculdades sobre elas é desfavorável. “Não é uma atividade ilegal, mas é moralmente questionável”, diz Maria do Patrocínio Tenório Nunes, coordenadora de Residência Médica da Faculdade de Medicina da USP. Ela questiona a presença de professores das universidades públicas nesses cursinhos. “Se eu aprendo todas as técnicas e metodologia de ensino em uma instituição pública, é ético cobrar por isso?”, pergunta.

Um absurdo. Essa é a definição do secretário executivo da Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação, Antônio Carlos Lopes, para o crescimento dos cursinhos preparatórios para provas das especialidades médicas. A expansão, segundo ele, é reflexo da fragilidade de alguns cursos de Medicina.

Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
Com Informações de EMILIO SANT’ANNA, da Agência Estado.