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Corrente contra o uso de crack

Há três meses mãe acorrentava filha de 18 anos numa tentativa de desintoxicá-la. Ontem, elas conseguiram internamento em um centro de recuperação

A corrente que prendia a filha dentro de casa parecia ser a única forma de livrá-la do crack. Há três meses, a pedidos da própria jovem, de 18 anos, colocava uma corrente na sua perna e rezava para que aquilo desse certo. Era uma espécie de desintoxicação, que terminava assim que a garota dizia: “Mãe, pode me soltar, já estou bem”. Depois de 10 ou 15 dias de clausura, voltava às ruas e, consequentemente, ao vício – ou “tentação”, como descreveu. As tentativas aconteceram diversas vezes. Todas fracassadas. Trazem à memória, inclusive, o caso da mãe que acorrentou o filho e chamou a polícia, em abril deste ano. Neyvson, de 21 anos, morreu menos de um mês depois. Anteontem, o medo de também ter a filha morta, por causa de uma dívida de R$ 50, obrigou a mulher, de 36 anos, a pensar em outra alternativa. Viu o número na televisão e ligou para o Disque-Denúncia. Depois de dois anos consumindo drogas, a jovem se internou ontem, pela primeira vez, em um centro de recuperação para usuários de entorpecentes.

A história da garota, cujo nome será mantido em sigilo por questão de segurança, é semelhante à de muitos que sucumbem às drogas. Parou de estudar aos 15 anos. Estava na 5ª série. Aos 16, mudou-se do Recife para Surubim, no Agreste, e começou a usar maconha por influência de amigos e de um namorado, com quem veio a se casar. Meses depois, ele foi assassinado porque estaria envolvido em roubos. “Quando ele morreu, eu voltei para o Recife, comecei a usar crack e não consegui mais parar”, relata.

A vida como usuária era desregrada. “Às vezes ela saía de casa e só voltava dois, três dias depois. Os vizinhos vinham me dizer que ela estava deitada na calçada e eu ia buscá-la”, conta a mãe. Maconha, fumava todos os dias. As pedras de crack, comprava fiado ou usava as dos amigos. “Eu revendia umas roupas para tentar arranjar grana, mas não era suficiente. Uma vez tirei R$ 30 da carteira de minha mãe”, confessou a jovem.

A mãe não sabia o que fazer. Desempregada e dependendo de bicos para sustentar quatro filhos, buscava ajuda com os vizinhos. “Eles diziam que iam arranjar um internamento para ela, mas nunca apareceu nada”, explica. A filha, 15 quilos mais magra e já desesperada com o vício, sugeriu a adoção das correntes. “Era melhor ficar presa do que na rua. Mas quando eu pensava que tinha melhorado, bastava ver amigos usando para voltar a fumar”, confessa a garota.

As consequências dos pagamentos “fiados” já começavam a ficar mais perigosas. Anteontem, dois homens foram cobrar R$ 50. Deles, a mãe ouviu: “De amanhã, essa menina não passa”. Ficou transtornada. Telefonou para o Disque-Denúncia e foi aconselhada a ligar para a TV Jornal. A equipe de reportagem foi à residência, no bairro de Passarinho, na Zona Norte do Recife, e constatou a desinformação das duas. Entraram em contato com o Centro de Referência de Acolhimento aos Usuários de Drogas (Craud), ligado ao Programa Vida Nova, do governo do Estado. Ainda na noite de anteontem, uma equipe do Consultório de Rua do Craud visitou a família e, ontem pela manhã, técnicos levaram a garota para uma unidade conveniada, em Camaragibe, no Grande Recife. “Agora estou bastante aliviada. Minha filha está segura”, comemorou a mãe da garota. Ontem à noite, ela pagou a dívida de R$ 50 aos cobradores.

Quem enfrenta situação semelhante pode ligar para o Craud, 0800-281-6093, das 8h às 20h, ou se dirigir ao local, na Rua Demócrito de Souza Filho, Madalena. Outro número do centro é o (81) 3228-1444.

Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
Fonte: Jornal do Commercio.

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Privado: Corrente contra o uso de crack

Há três meses mãe acorrentava filha de 18 anos numa tentativa de desintoxicá-la. Ontem, elas conseguiram internamento em um centro de recuperação

A corrente que prendia a filha dentro de casa parecia ser a única forma de livrá-la do crack. Há três meses, a pedidos da própria jovem, de 18 anos, colocava uma corrente na sua perna e rezava para que aquilo desse certo. Era uma espécie de desintoxicação, que terminava assim que a garota dizia: “Mãe, pode me soltar, já estou bem”. Depois de 10 ou 15 dias de clausura, voltava às ruas e, consequentemente, ao vício – ou “tentação”, como descreveu. As tentativas aconteceram diversas vezes. Todas fracassadas. Trazem à memória, inclusive, o caso da mãe que acorrentou o filho e chamou a polícia, em abril deste ano. Neyvson, de 21 anos, morreu menos de um mês depois. Anteontem, o medo de também ter a filha morta, por causa de uma dívida de R$ 50, obrigou a mulher, de 36 anos, a pensar em outra alternativa. Viu o número na televisão e ligou para o Disque-Denúncia. Depois de dois anos consumindo drogas, a jovem se internou ontem, pela primeira vez, em um centro de recuperação para usuários de entorpecentes.

A história da garota, cujo nome será mantido em sigilo por questão de segurança, é semelhante à de muitos que sucumbem às drogas. Parou de estudar aos 15 anos. Estava na 5ª série. Aos 16, mudou-se do Recife para Surubim, no Agreste, e começou a usar maconha por influência de amigos e de um namorado, com quem veio a se casar. Meses depois, ele foi assassinado porque estaria envolvido em roubos. “Quando ele morreu, eu voltei para o Recife, comecei a usar crack e não consegui mais parar”, relata.

A vida como usuária era desregrada. “Às vezes ela saía de casa e só voltava dois, três dias depois. Os vizinhos vinham me dizer que ela estava deitada na calçada e eu ia buscá-la”, conta a mãe. Maconha, fumava todos os dias. As pedras de crack, comprava fiado ou usava as dos amigos. “Eu revendia umas roupas para tentar arranjar grana, mas não era suficiente. Uma vez tirei R$ 30 da carteira de minha mãe”, confessou a jovem.

A mãe não sabia o que fazer. Desempregada e dependendo de bicos para sustentar quatro filhos, buscava ajuda com os vizinhos. “Eles diziam que iam arranjar um internamento para ela, mas nunca apareceu nada”, explica. A filha, 15 quilos mais magra e já desesperada com o vício, sugeriu a adoção das correntes. “Era melhor ficar presa do que na rua. Mas quando eu pensava que tinha melhorado, bastava ver amigos usando para voltar a fumar”, confessa a garota.

As consequências dos pagamentos “fiados” já começavam a ficar mais perigosas. Anteontem, dois homens foram cobrar R$ 50. Deles, a mãe ouviu: “De amanhã, essa menina não passa”. Ficou transtornada. Telefonou para o Disque-Denúncia e foi aconselhada a ligar para a TV Jornal. A equipe de reportagem foi à residência, no bairro de Passarinho, na Zona Norte do Recife, e constatou a desinformação das duas. Entraram em contato com o Centro de Referência de Acolhimento aos Usuários de Drogas (Craud), ligado ao Programa Vida Nova, do governo do Estado. Ainda na noite de anteontem, uma equipe do Consultório de Rua do Craud visitou a família e, ontem pela manhã, técnicos levaram a garota para uma unidade conveniada, em Camaragibe, no Grande Recife. “Agora estou bastante aliviada. Minha filha está segura”, comemorou a mãe da garota. Ontem à noite, ela pagou a dívida de R$ 50 aos cobradores.

Quem enfrenta situação semelhante pode ligar para o Craud, 0800-281-6093, das 8h às 20h, ou se dirigir ao local, na Rua Demócrito de Souza Filho, Madalena. Outro número do centro é o (81) 3228-1444.