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“É preciso uma rede interdisciplinar para as vítimas do crack”

Em entrevita ao Jornal da Cidade de Bauru, interior de São Paulo, o tesoureiro do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e coordenador-geral do I Fórum Nacional sobre Aspectos Médicos e Sociais Relacionados ao Uso do Crack”, realizado em Brasília no último dia 25 de novembro, fala sobre o panorama da droga no Brasil e a precariedade na assistência oferecida aos usuários.

Jornal da Cidade – O crack é uma droga avassaladora que atinge a população jovem, levando as famílias ao desespero. Aqui em Bauru não temos uma entidade especializada nessa droga, por isso gostaria de saber se o Conselho Federal de Medicina pretende preparar os médicos para esse tipo de tratamento?

Ricardo Paiva – Efetivamente o plano do CFM e demais entidades médicas é construir um protocolo de tratamento ao crack, a capacitação dos profissionais. Em relação ao local onde existe disponibilização ao tratamento, pode ser obtido no site www.enfrenteocrack.org.br na parte onde fala locais para tratamento e também no Fórum.

Jornal da Cidade – O tratamento do crack é diferente de outras drogas? Por que?

Ricardo Paiva – Até o presente momento não existe um tratamento específico para o crack. O que está consensuado é a necessidade de numa primeira fazer haver uma internação curta entre 6 e 15 dias para desintoxicação e enfrentar a abstinência. Medicações podem ser necessárias, mas um amplo trabalho interdisciplinar com psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, professores de educação física, arte-educadores e terapeutas ocupacionais atuando com o usuário e escola/família promovem a re-inserção social.

Jornal da Cidade – Qual é o ponto nevrálgico do tratamento? Seria a recaída?

Ricardo Paiva – O principal problema é a recaída, uma vez que o usuário volta para sua realidade de vida com seus vínculos afetivos e familiares frágeis e sem um processo de ocupação de tempo com esportes, lazer e arte que modifiquem a qualidade de vida.

Jornal da Cidade – Onde as famílias devem procurar ajuda?

Ricardo Paiva – Como foi dito, o site www.enfrenteocrack.org.br disponibiliza esses locais que seguramente são em número menor do que a necessidade da população.

Jornal da Cidade – Qual é a saída? Prevenção, de que maneira?

Raiva Paiva – Inúmeras são as formas de prevenção:
a) controle das fronteiras para impedir o tráfico
b) identificação pelos setores de inteligência da ECONOMIA do crack para poder punir os grandes investidores do tráfico
c) convivência no espaço escolar dos alunos com a família e professores em atividades lúdicas
d) conscientização, informação e formação da opinião pública por todas as formas de mídia
e) incentivo aos esportes

Jornal da Cidade – Quantos usuários de crack deve ter em todo o país? Há estimativas? Qual é o público-alvo?

Ricardo Paiva – O próprio ministério da saúde trabalha com número entre um e dois milhões de usuários e existe uma prevalência no início da adolescência.

Jornal da Cidade – Existe remédio para a abstinência?

Ricardo Paiva – Não. Ainda não há uma medicação específica para suprimir o desejo do drogadito.

Jornal da Cidade – As clínicas de tratamento devem aumentar em todo o país ou as já existentes irão atender?

Ricardo Paiva – Sim, é preciso aumentar em todo país a oferta de leitos para o tratamento do CAPS, bem como dos CAPS e de toda rede interdisciplinar para atendimento às vítimas do crack.

Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.