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Escritor dos 60 anos do Cremepe recebe o título de cidadão do Recife

20170705_163402“Umbilina engoliu um sapo entre tantos outros impostos pela vida. Mas como uma sertaneja forte nunca desistiu. Sabia que precisava deixar o filho bem na vida antes que aquele sapo a consumisse. Partiu para o ataque. Formou o filho, antes de tudo um forte como cabe a qualquer sertanejo acostumado à fome, morte, sede”. Na vida real e não no romance dele, o menino cresceu, se letrou, virou jornalista, escritor. Só faltava virar imortal, e não é que virou. E como a arte imita a vida, a história de Cícero Belmar é a história de tantos outros sertanejos, que cresceram em meio à dificuldade, mas com pais lutadores, Dona Adriana e Seu Bé. Venceu obstáculos e chegou à capital: Recife, sonho de tantos. Melhor ainda. Além de imortal da Academia Pernambucana de Letras, agora é cidadão recifense. Veio de Bodocó, sertão alto do Estado, não importa quando. Importa que chegou e venceu. E agora é nosso. Atualmente Belmar escreve o livro sobre a história do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) que será lançado na comemoração dos 60 anos da entidade no próximo ano.

O Título de Cidadão, a maior distinção que a Câmara do Recife concede, veio pelas mãos da vereadora Aimée Carvalho (PSB). Belmar como todo bom escritor supera as palavras. Seu discurso, pura emoção e gratidão. “Estar no Recife, só sabe quem é do interior, é como caminhar dentro de um cartão postal. Quando cheguei aqui, ainda adolescente, vim estudar. Conhecia a cidade através de fotos e pelas letras dos frevos de bloco e frevos canção feitos pelos amantes desta terra e dessas águas. Lembro-me perfeitamente da hora que subi no ônibus, lá em Bodocó, a 650 quilômetros da capital. Vinha morar no Recife. Eram 17 horas do dia 19 de março de 1979. No dia seguinte, cheguei às cinco da manhã, na Rodoviária do Cais de Santa Rita. Como diz a música: “Cansado e sozinho”.

Também agradeceu a todos os que o conduziram pela vida, e mesmo naqueles que não citou o nome, o agradecimento estava no coração. Agradeço aos meus pais, Cícero (conhecido por Seu Bé) e Adrina. Ele, comerciante, ela, costureira, espremeram pedra para criar e educar os cinco filhos. Muito obrigado. Meus pais foram sábios na nossa educação. Mas eu não seria nada sem meus irmãos Nertan, Socorro, Silvia e Adriano. O nosso sonho de união há de prevalecer. Os laços que nos unem, são cada vez mais fortes. Obrigado aos meus sobrinhos, tio, cunhados, que vibram a cada pequena vitória por que passamos. Agradeço à minha família do Recife, que não é de sangue, mas do afeto. Hugo e Gabryel, em nome de vocês quero abraçar todos os recifenses que formam essa família de amigos. E que são muitos.

Aimée Carvalho começou o discurso falando de Bodocó, sertão do Araripe, lugar de estiagem prolongada aonde as pessoas aprendem desde cedo que só a fé em Deus pode ajudar. “Ele veio para o Recife aos 15 anos e viu o mar pela primeira vez. Era a terra onde iria sobreviver, se impor. Tornou-se escritor de livros infantis e depois romances. Ganhou dois prêmios Cristina Tavares de direitos humanos, foi editor executivo do Jornal do Commercio e hoje é jornalista do departamento de Imprensa desta Casa”.