Pesquisar
Agendar Atendimento Presencial

Serviços

ver todos

Sociedade de Hansenologia alerta para o Janeiro Roxo, mês de conscientização sobre a hanseníase

O Brasil começa o terceiro Janeiro Roxo, mês de conscientização sobre a hanseníase. Seguindo a tradição dos meses de conscientização sobre saúde, em 2016 o Ministério da Saúde oficializou o mês e adotou a cor roxa. E a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) lançou a campanha nacional e permanente “Todos Contra a Hanseníase”.

A doença coloca o Brasil em segundo lugar no ranking dos países com mais casos – ficando atrás da Índia. E a falta de informação – inclusive por parte de profissionais de saúde, alerta a SBH – é mais um dos problemas que dificultam o controle da hanseníase no Brasil. A SBH tem discutido o assunto com sociedades médicas e universidades.

Por ano, são diagnosticados perto de 30.000 casos novos de hanseníase. Mas A SBH alerta para uma endemia oculta da doença e estima que o Brasil tenha entre 3 e 5 vezes mais casos do que apontam os dados oficiais da doença. “A hanseníase não é doença de uma pessoa só. Dentre as estratégias de enfrentamento está a avaliação das pessoas que são contatos dos pacientes. E esta estratégia é falha no Brasil”, alerta o presidente da SBH, Claudio Salgado.

Soma-se a isso, o preconceito também endêmico na sociedade. “São editais para contratação de profissionais das mais diversas áreas destacando a hanseníase como item de desclassificação; educadores que não aceitam alunos diagnosticados com hanseníase, sendo que justamente os diagnosticados estão em tratamento e, em tratamento, não transmitem a doença; governos ‘desdiagnosticando’ casos para não exporem a alta endemicidade em suas regiões, impedindo o acesso de pacientes ao tratamento; médicos e profissionais de saúde sem o preparo adequado porque universidades consideram a doença controlada e a hanseníase foi praticamente eliminada dos currículos; pacientes diagnosticados depois de vários anos sem serem percebidos no sistema de saúde; profissionais de saúde duvidando do diagnóstico de hanseníase por não acreditarem que a doença exista; grande número de casos em crianças e alto índice de pessoas diagnosticadas com sequelas incapacitantes e irreversíveis, tratando há muitos anos de outras doenças”, explica Salgado.

Hanseníase – A hanseníase é transmitida por um bacilo através contato próximo e prolongado entre as pessoas. Daí a relação entre a doença e a miséria. Porém, também é alto também o número de casos entre a população de centros urbanizados com desenvolvida infraestrutura sanitária.

O bacilo ataca os nervos e o paciente pode perder ou ter diminuição da sensibilidade à dor, ao toque, ao frio e calor, além de apresentar manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele.

Exames de laboratório não conseguem identificar todos os casos; é preciso muito preparo do médico para diagnosticar a hanseníase. Por isso, é alto o número de doentes que recebem o diagnóstico apenas quando as sequelas são visíveis, irreversíveis e incapacitantes. O tratamento é gratuito em todo o Brasil e a doença tem cura.

Todos Contra a Hanseníase – A campanha foi criada pela SBH como um canal de comunicação com a sociedade objetivando esclarecer e alertar sobre a doença. A SBH tem apresentado a campanha com um mascote chamado “Profi”, que participa de ações educativas em praças públicas, congressos médicos, hospitais, feiras etc. A SBH lançou uma cartilha educativa adotada em escolas e utilizada em muitas empresas. A campanha também tem um vídeo muito veiculado por emissoras de TV em todo o país como utilidade pública e áudio para rádios.

“A campanha teve uma repercussão surpreendente em janeiro de 2018 e esperamos que a sociedade responda positivamente mais uma vez em janeiro de 2019. As empresas, organizações em geral e as pessoas podem adotar o laço roxo, iluminar suas fachadas e adotar a hashtag TodosContraaHanseníase”, pede o presidente da SBH, Claudio Salgado.

Toda a campanha educativa está no link www.sbhansenologia.org.br/campanha/campanha-todoscontraahanseniase  e pode ser utilizada por empresas, secretarias de Saúde, de Educação, sindicatos, associações etc.

Política de combate à hanseníase – A SBH está preocupada com o alto índice de recidivas (volta da doença tempos depois que o paciente recebeu alta) e falências de tratamento (paciente ainda apresenta bacilos vivos, mesmo ao final do tratamento). O tratamento no Brasil é feito à base de antibióticos utilizados há 40 anos.

A doença é tratada em 6 meses para pacientes com poucos bacilos e 12 meses para pacientes com muitos bacilos. Mas há muitos casos de pacientes com alta carga de bacilos vivos mesmo após 24 meses de tratamento, “o que prova a resistência que o bacilo da hanseníase apresenta no Brasil após 40 anos de uso dos mesmos antibióticos”, denuncia o presidente da SBH.

Ministério da Saúde quer diminuir o tempo de tratamento – Não bastasse a necessidade de adoção de drogas mais modernas, encontra-se em fase final a implantação, pelo Ministério da Saúde, um esquema de tratamento encurtado para apenas 6 meses para todos os casos de hanseníase, chamado de MDT-U (Multidroga Terapia – Esquema Único). “Não há base científica para isso, a Organização Mundial da Saúde não recomenda o MDT-U em suas diretrizes e há posicionamentos de especialistas brasileiros e estrangeiros alertando para o perigo de o MDT-U mascarar a endemia e agravar o problema”, critica Claudio Salgado. Nesta questão, a SBH recebeu apoio de várias sociedades médicas brasileiras, incluindo a Associação Médica Brasileira e sociedades estrangeiras. Ressalte-se que este esquema, se implantado, será realizado exclusivamente no Brasil, já que a OMS é contra a implantação do MDT-U.

Segundo a SBH, o Brasil deveria focar esforços no sentido de enfrentar efetivamente a doença. “É preciso capacitar de agentes comunitários de saúde a médicos, educadores, famílias e autoridades brasileiras. Precisamos de uma política legítima para o problema. O Brasil tem especialistas renomados mundialmente, tem centros e hospitais altamente especializados e é urgente que o governo brasileiro pense o problema como questão de desenvolvimento nacional e respeito aos doentes”, ressalta o presidente da SBH.

SBH – A SBH acaba de completar 70 anos. É a realizadora dos maiores eventos científicos que tratam da hanseníase no Brasil – o Congresso Brasileiro e o Simpósio Brasileiro de Hansenologia. É a responsável, em parceria com a AMB, pela aplicação da prova de certificação dos médicos hansenologistas para atuarem no país, promove gratuitamente, com parcerias, treinamentos para profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e outros) nas regiões de alta endemicidade, promove busca ativa de casos nessas regiões, com avaliação de contatos e encaminhamento de pacientes para tratamento. A entidade também mantém a campanha nacional e permanente Todos Contra a Hanseníase.