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Assembleia Legislativa celebra centenário do médico Fernando Figueira e 59 anos do Imip

Foto: Giovanni Costa

“O exercício da medicina não deve se subordinar à crueza das leis econômicas. Deve ser regido pelas necessidades sociais de um povo em determinado momento histórico.” Essas são algumas das palavras que marcaram a vida do médico e professor Fernando Figueira, cujo centenário de nascimento foi comemorado na noite desta quarta (5), na Assembleia Legislativa. A Reunião Solene, proposta pelo deputado Isaltino Nascimento (PSB), também celebrou os 59 anos de fundação do Instituto de Medicina Integral de Pernambuco (Imip).

Fernando Jorge Simão dos Santos Figueira nasceu em Figueira da Foz, em Portugal, em fevereiro de 1919. Poucas semanas depois, o recém-nascido embarcava em companhia dos pais, Joaquim e Maria Alice Pedrosa Figueira, para residir em Pernambuco. Em 1940, graduou-se pela Faculdade de Medicina do Recife. Trabalhou no Interior de Alagoas, onde prestou atendimento a pessoas em condição de extrema pobreza.

Posteriormente, seguiu para São Paulo, onde passou nove anos atuando no Hospital das Clínicas e na Clínica Pediátrica da Universidade de São Paulo (USP). Depois, viajou para os Estados Unidos, o México e a França. No retorno ao Recife, começou a lecionar na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O Imip começou a surgir em junho de 1960, quando Figueira, com apoio de um grupo de médicos, decidiu criar um hospital para atender crianças pobres no Recife. Ao coordenar a cerimônia, o presidente da Alepe, deputado Eriberto Medeiros (PP), destacou que a unidade de saúde se transformou num complexo hospitalar, considerado atualmente o maior hospital filantrópico 100% SUS (Sistema Único de Saúde) do Brasil. “Possui mais de mil leitos e realiza 600 mil atendimentos anuais, beneficiando crianças, adultos e idosos. Além da assistência médica, a instituição é referência em ensino, pesquisa e extensão”, pontuou.

Para Isaltino Nascimento, o professor Fernando Figueira – falecido em abril de 2003, aos 84 anos -, é uma referência no exercício da medicina social por ter desenvolvido interesse direcionado a atuar na assistência aos mais pobres, desde muito cedo. “A grandeza do seu legado é inegável. E nada mais honroso para mim propor esta solenidade em homenagem a este grande homem”, enfatizou.

O socialista frisou não ter sido por acaso que a materialização do sonho do professor aconteceu nos Coelhos, bairro localizado na região central do Recife, rodeado por famílias em situação de vulnerabilidade. O parlamentar também citou trechos de pensamentos do médico: “Conscientemente ou não, o homem somente se realiza plenamente, quando se esquece de sua individualidade, se eleva e se projeta como parte integrante do imenso corpo social ao qual pertence”. Nascimento completou dizendo que a medicina social foi gestada por Fernando Figueira e virou modelo, que, até hoje, torna-o figura emblemática no Estado, no Brasil e no mundo. “Temos muitos motivos para zelar por sua memória.”

A presidente do Imip, Silvia Rissin, afirmou que comemorar os 59 anos da entidade é motivo de orgulho imenso. “Saber que milhares de pessoas das camadas sociais mais desfavorecidas têm lá encontrado assistência à saúde e uma acolhida humanizada, sendo beneficiadas com uma medicina segura e eficaz, deixa-nos com a satisfação do dever cumprido”, declarou. O médico Antônio Carlos Figueira, filho do homenageado, agradeceu em nome da família: “É motivo de muito orgulho e grande felicidade essa cerimônia, que parte da Casa do Povo e foi aprovada por unanimidade”.

A Reunião Solene teve, ainda, apresentação da Orquestra Divina Sinfonia, do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), de Glória do Goitá, que interpretou clássicos da música popular brasileira (MPB).