Pesquisar
Agendar Atendimento Presencial

Serviços

ver todos

Data acende alerta para impacto da COVID-19 durante o pré-natal e exames preventivos

Hoje (28/05) é celebrado o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher, data que também foi escolhida para o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Ambas possuem o mesmo objetivo em comum: chamar a atenção e conscientizar a sociedade sobre os diversos problemas de saúde e distúrbios comuns na vida das mulheres, que representam, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51% da população brasileira.

Câncer de mama, endometriose e hemorragia após evento obstétrico são algumas das doenças que acometem milhares de mulheres todos os anos. Atualmente, devido à pandemia de COVID-19, gestantes são consideradas do grupo de risco para agravamento da infecção causada pelo novo coronavírus, além disso, a crise sanitária trouxe também dificuldade à prevenção dos problemas considerados “evitáveis” relacionados à saúde da mulher. Portanto, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) entrevistou o conselheiro, ginecologista e obstetra, Olímpio Barbosa.

CREMEPE: A pandemia de COVID-10 trouxe maiores desafios para os cuidados preventivos relacionados à saúde da mulher? Eles se estenderam aos cuidados durante o pré-natal?

Desde abril do ano passado estudos demonstram a seriedade do problema. Para se ter uma ideia deste problema no Brasil, só neste ano (2021) entre 01 de janeiro a 10 de maio, tivemos 475 mortes de gestantes por COVID-19.  Embora evidências diversas tenham se acumulado de que a gestação e o pós-parto aumentam o risco de complicações e morte por COVID-19, também é certo que houve falhas assistenciais em proporção significativa destas mortes maternas. Além da desorganização dos serviços de assistência pré-natal, com suspensão de consultas, encontramos problemas importantes de acesso ao atendimento adequado da COVID-19, falta de testes diagnósticos, falta de insumos terapêuticos (agências transfusionais e de leitos de UTI específicos para a população obstétrica).

CREMEPE: Segundo o Ministério da Saúde, a hemorragia pós-parto é a segunda causa de morte materna no Brasil. Existem medidas que ajudem a fazer com que essas mortes sejam evitadas?

Existem sim, são elas:

•          Planejamento reprodutivo de qualidade, eficaz e seguro, que promova a possibilidade de gestações seguras e desejadas.

•          Pré-natal precoce qualificado para identificação e manejo de condições que impõe risco de hemorragias na gestação, parto e puerpério.

•          Identificação de fatores de risco no início do pré-natal com encaminhamento para serviços especializados.

•          Identificação de anemia e seu tratamento eficaz, garantindo níveis de hemoglobina acima de 11g% no parto.

•          Identificação prévia e planejamento de parto nos casos de maior risco como placenta prévia ou antecedente de sangramento pós-parto.

•          Maternidades que tenham estrutura adequada para realização de cesáreas, procedimentos cirúrgicos de emergência e acesso à hemoterapia de forma oportuna.

•          Unidade de terapia intensiva obstétrica em maternidades de alto risco

•          Sistema de referência e regulação de vagas eficiente

•          Sistema de transporte adequado e ágil para serviços de referência

CREMEPE: Dentre outros problemas relacionados à mortalidade materna, além da hemorragia pós-parto, existem a pré-eclâmpsia que de acordo com a Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS) é uma das mais prevalentes doenças que matam mãe e feto, além da sepse materna, por exemplo. Essas questões podem ser prevenidas ainda durante o pré-natal?

Através do pré-natal é possível a predição da pré-eclâmpsia, o que possibilita aplicar medidas de prevenção da doença, como por exemplo, o uso de ácido acetilsalicílico na dose de 150 mg diariamente no início do segundo semestre para aquelas gestantes com fatores de risco.  Mas nada é mais efetivo do que o diagnóstico precoce da pré-eclâmpsia e o seu encaminhamento para uma maternidade de alto risco. Esse diagnóstico precoce é facilmente alcançado através da identificação da hipertensão e da proteinúria, achados esses que dependem apenas de tensiômetro e proteinúria de fita.

Também, através do pré-natal, com rastreamento universal e tratamento da bacteriúria assintomática, orientações dietéticas, tratamento de infecções intercorrentes e de outros fatores riscos, além da assistência ao parto baseada nas melhores evidências, conseguiríamos diminuir significativamente o número de mortes maternas por infecção.