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Equipe encerra trabalhos da IV etapa

O Cremepe, em parceria com o Sindicato dos Médicos e Secretaria Estadual de Saúde finalizaram na última sexta-feira (26.05), a IV etapa da Caravana que, só neste ano, já percorreu 38 municípios pernambucanos. Na semana passada foram visitados os municípios de Jurema, Calçado, Terezinha, Brejão, Caetés, Paranatama, Lagoa do Ouro, Canhotinho, São Benedito do Sul e Maraial.

Os integrantes da Caravana fiscalizaram as condições de trabalho e de infraestrutura das unidades mistas de saúde, se reuniram com gestores municipais e membros dos conselhos de saúde – e tutelares – e também ouviram os sentimentos da população. Na grande maioria, os problemas nas áreas de saúde, educação, coleta de lixo, abastecimento dágua, rede de esgoto e violência em geral são comuns. Faltam recursos humanos e leitos hospitalares e os Programas de Saúde da Família (PSF) e os Conselhos Municipais de Saúde enfrentam dificuldades de consolidação. Em outras localidades, existem avanços nas políticas públicas capazes de solucionar as questões mais pontuais das comunidades.

HISTÓRICO – Desde o início do último mês de abril, a Caravana do Cremepe, Sindicato dos Médicos e Secretaria Estadual de Saúde, já visitou 26 municípios do sertão e do agreste pernambucano.

Durante o período foram encontrados dados importantes como o alto índice de suicídios em Petrolândia e Itacuruba; mal uso do Programa Auxilio Maternidade, em muitas cidades; a falta quase que total de saneamento básico em diversos lugares; cidades praticamente abandonadas pelos poderes públicos; evasão escolar por falta de merenda e muitos casos de prostituição infantil. (Veja resultados abaixo) A quinta e última etapa será realizada no mês de julho para, a partir de então, o relatório final ser elaborado e encaminhado aos poderes federais, estaduais e municipais mostrar e pedir soluções para os problemas encontrados.

Terceira fase constata alto número de prostituição infantil em Iati

De 15 a 19 de maio a equipe deu início às visitas no Agreste pernambucano. Os municípios visitados foram Jucati, Jupi, Iati, Saloá, Itaíba, Águas Belas, Correntes, Palmerina, São João e Angelim. O município de Iati foi o que mais chamou a atenção da Caravana nessa fase.

De acordo com o conselho tutelar local, existem 110 casos de prostituição infantil registrados. O alerta é importante, já que deve existir um número superior a esse, haja vista que, a maioria dos casos não são denunciados. Outro ponto negativo e que precisa de uma solução urgente é a falta de merenda escolar, que gera a evasão dos alunos na escola e, consequentemente, eleva os índices de analfabetismo. Outra falha, observada pela equipe de fiscalização no hospital local, é que existe um mamógrafo semi-novo na unidade de saúde, porém está sem ser utilizado. Segundo informações colhidas no hospital, caso o aparelho funcionasse, atenderia 21 municípios da região. Os problemas já foram encaminhados pela Caravana aos órgãos responsáveis para as providências em regime de urgência.

Na terceira fase, assim como na primeira, outra ação da Caravana foi a apresentação do espetáculo Menina Abusada, do grupo Roda Mundo, contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Segunda fase mostra altos índices de suicídio no Sertão

Representantes do Cremepe e do Sindicato dos Médicos mostraram à imprensa, na tarde desta terça-feira (02.05), os primeiros dados coletados durante a segunda fase da Caravana do Cremepe, Simepe e Secretaria Estadual de Saúde, realizada entre os últimos dias 24 e 28 de abril.

As cidades visitadas foram Itacuruba, Jatobá, Petrolândia, Tacaratu, Inajá, Manari, Tupanatinga e Pedra. O relatório com todos os dados apurados nessas cidades será elaborado pela equipe da Caravana, em, no máximo 15 dias, porém algumas informações precisavam ser veiculadas por conta da gravidade das mesmas.

Petrolândia (30.000 habitantes) e Itacuruba (4.000 habitantes) foram os municípios que mais chamaram a atenção da equipe, seguidos por Manari (13.000 habitantes) e Inajá (15.000 habitantes). Nas duas primeiras cidades foi constatado um alto número de suicídios. Segundo os conselhos municipais de saúde e gestores das duas cidades, em quase todas as casas de Itacuruba há, pelo menos, um caso de suicídio ou tentativa do mesmo.

DADOS – No ano 2000, em todo o planeta, foram registrados 815 mil suicídios, 14 para cada 100 mil habitantes. No mesmo período, no Brasil, foram 4,34 para cada 100 mil e em Pernambuco 4,19 homicídios. Em Itacuruba foram 50 suicídios para cada 100 mil e em Petrolândia o número chegou a 25. Os fatores indicados pelos representantes das duas cidades são idênticos: as cidades de origem foram submersas pelo lago de Itaparica, o que ocasionou a perda das raízes dos moradores. Escolas, igrejas, cemitérios. Tudo o que era referência para eles anteriormente sumiu embaixo d’água. Por um período cada família recebia dois salários mínimos e meio, mas essa ajuda de custo já ficou para trás. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) paga uma quantia mensal em royalties aos dois municípios. Mas agora Petrolândia colocou Itacuruba na justiça para receber todo o auxilio, alegando que Itacuruba era distrito seu quando os locais foram evacuados.

Outro fator que pode aumentar a depressão e, conseqüentemente, o aumento no número de suicídios, é a falta de atividades econômicas locais.

A equipe da Caravana vai procurar a Chesf e o Governo do Estado para que os mesmos assumam a responsabilidade no tratamento psiquiátrico, oferecendo serviços de assistência e acompanhamento psicológico e social para as famílias dessas cidades.

MANARI E INAJÁ – Transformar Manari em capital de Pernambuco por um determinado período para tentar sensibilizar os governantes e autoridades. Essa é a uma das propostas que a Caravana vai levar ao Governo do Estado para tentar tornar o município menos miserável e esquecido pelos poderes públicos.

O município com o 3º menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil e 1º lugar em Pernambuco, foi o único que não recebeu os representantes da Caravana. O prefeito de Manari não estava na cidade e nenhum secretário ou conselheiro municipal de saúde se disponibilizou para falar sobre os problemas daquele município que, segundo o coordenador da Caravana, Ricardo Paiva, está com cara de cidade fantasma. “Parecia coisa de filme. Cidade de velho oeste mesmo. As ruas abandonadas, as poucas crianças que estavam na escola se encontravam vestidas apenas com bermuda e descalças. É inconcebível”, ressaltou indignado. A cidade só oferece abastecimento de água a 2% da população. De todo o lixo da cidade, 73% é jogado sem aterro sanitário. Para cada mil crianças nascidas vivas, 92 morrem antes de completar cinco anos de idade.

Em Inajá os integrantes da Caravana perguntaram aos moradores o que podia ser feito para melhorar um pouco a vida deles. As respostas foram simples e tocantes: cinemas, praças com parques para as crianças e transportes para visitar parentes em municípios vizinhos. “O que a população pede não é nada tão exorbitante para a quantidade de dinheiro que se gasta com outras coisas bem menos importantes que o bem estar das pessoas”, frisou Paiva. A cidade tem 45% dos adultos analfabetos; 43% dos moradores não têm instalação sanitária e a cada mil crianças nascidas vivas, 53 morrem até os 5 anos de idade.

A Caravana também constatou que programas estaduais como o Projeto Renascer e o Leite de Pernambuco não chegam na maioria das cidades, listadas como participantes dos mesmos.

Para tentar minimizar os problemas em Manari e Inajá a Caravana vai pedir ao Governo do Estado que faça uma intervenção imediata nos dois municípios.

I FASE – Afrânio, Dormentes, Santa Filomena, Santa Cruz, Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Terra Nova e Lagoa Grande. Esses foram os municípios visitados pela equipe da Caravana do Cremepe, em sua primeira fase, entre os dias 3 e 7 de abril. Outra ação da Caravana do Cremepe na primeira etapa foi a apresentação do espetáculo Menina Abusada, da Companhia de Teatro Roda Mundo, contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Os dados levantados durante essa primeira fase mostram que os gastos das prefeituras com a saúde vão de 15 a 25% e que o governo estadual vem mantendo precariamente os hospitais regionais. Na questão dos médicos contratados e os salários oferecidos, foi constatado que o salário varia de R$ 5 a R$ 8 mil reais e que existe uma grande dificuldade de mão-de-obra disponível, principalmente para a zona rural, haja vista a distância dos municípios da capital e o temor das prefeituras de contratar e depois o Governo Federal não honrar sua parte, já que não há institucionalização.

Em seis das oito cidades visitadas existem casos registrados de abuso e exploração sexual infantil, exceto em Santa Filomena e Afrânio. Outras observações feitas pela Caravana foram relativas aos conselhos municipais de saúde. Muitos deles não conhecem suas atribuições e também não há capacitação para os conselheiros nem reuniões regulares.

MAIS – Em Afrânio, por exemplo, um morador tem 34 filhos para receber R$ 1.200,00, por filho, do Programa Auxílio Maternidade, do Governo Federal; Dormentes chega a ficar 8 dias sem receber água da Compesa; em Lagoa Grande os índices de violência contra a mulher são altos, mas na região não existe uma delegacia especializada.

ÍNDICES:
População – a média da população é de 20 mil habitantes, de 10 mil em Orocó a 40 mil em Santa Maria da Boa Vista;
Taxa de analfabetismo adulto – média de 44%
Coleta de lixo – para a média de 36% dos habitantes;
Mortalidade infantil – média de 30 mortes para cada mil;
Cobertura do PSF – maior em Lagoa grande, com 97% de cobertura e menor em Santa Maria da Boa Vista com apenas 52%.

Da Assessoria de Comunicação do Cremepe, com Chico Carlos, da Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Médicos.