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Luta e resistência da Vila de Santa Luzia

Sexta-feira, 8 de junho, uma manhã nublada no Recife. O fim de semana estava chegando. A equipe da caravana Cremepe/Simepe saiu às 9h40, seguindo pelas ruas dos bairros do Espinheiro, Aflitos, cruzando a ponte da Torre, cortada pelo rio Capibaribe. O destino era a comunidade da Vila Santa Luzia, próxima à Praça da Torre, atualmente denominada Professor Barreto Campelo, em frente ao chamado Campo do Arte, famoso campo de futebol de “peladas” que revelou jogadores para o futebol pernambucano nas décadas dos anos 70 e 80. Atualmente, a área do campo e suas redondezas abrigam a Vila, fruto de resistência e determinação dos moradores. Uma história de lutas contada em verso e prosa.

Os caravaneiros dividiram-se em pequenos grupos. Um visitou de imediato a Unidade de Saúde de Família (USF) Emocy Krause, inaugurada em 26 de agosto de 2004, pela Prefeitura do Recife. Ao lado funciona a Escola Estadual Creuza Barreto Dornelas Câmara, na rua cantora Clara Nunes. O movimento intenso. Doze mulheres, com crianças no colo, aguardavam atendimento. Calor intenso no ambiente. O médico- fiscal do Cremepe, Silvio Vasconcelos, acompanhado das médicas Helena Carneiro Leão e Malu David foram bem recebidos pelas usuárias do SUS (Sistema Único de Saúde). Um rosário de observações. A USF tem uma estrutura precária, faltam salas e recursos humanos. Hoje, as três equipes de Saúde da Família são insuficientes para atender a grande demanda dos moradores. Ainda na comunidade funcionam a creche Santa Luzia e a Associação dos Moradores que estava fechada.

Outro grupo de pesquisadoras – Girlene Ribeiro, Valéria Prado e Andréa Ribeiro – foram às ruas conversar com a população. As reclamações foram pautadas sobre questões relacionadas com saúde, saneamento básico, coleta de lixo, som alto e, principalmente, violência (tráfico de drogas). Alguns moradores apontaram o crack que atinge sem piedade os adolescentes. Outros ficaram em silêncio. Embora os efeitos devastadores do crack sejam conhecidos, nem mesmo os especialistas mais experientes possuem uma receita eficaz para tratar os usuários dessa droga. “É uma coisa que assusta muito a gente. O problema é que quase ninguém sabe como resolver com isso”, disse Cristiane da Silva, 35 anos, dona de casa e moradora.

Os grafiteiros Bonny e Léo improvisaram próximo à igreja de São Francisco de Assis uma área para as crianças e adolescentes produzirem seus desenhos e pinturas. No começo, apenas dois menores surgiram. Tímidos, eles fizeram suas artes com o incentivo dos grafiteiros. A notícia se espalhou rápido. Depois, mais dois, três, chegou-se a um total de doze adolescentes, inclusive duas meninas. Em frente a uma lojinha de serviços gráficos “Mídia Virtual”, a criatividade e a beleza voaram pelas asas da imaginação. Todos felizes. Casas, campo de futebol, árvores, corações, nuvens, bandeiras, flores, enfeitaram os papéis canson, através de multicores. O estudante Benedito Lima, 13 anos, pegou o lápis e fez uma casa simples, mas, encantadora e com alegria soltou a voz: “ eu queria ter uma casa igual a essa. É bonita, é meu sonho.Que sabe um dia eu vou morar nessa casa”. Pequenas gotas de chuva caíram naquele momento mágico do final da manhã.

A presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, avaliou a visita como bastante positiva, destacando que em 2011 o órgão tinha feito uma fiscalização na USF Emocy Krause e diagnosticado uma série de problemas de infraestrutura e recursos humanos. “ Essas demandas precisam de soluções por parte dos gestores públicos. Nós vamos continuar nossa luta por melhores condições de trabalho e de assistência de qualidade à população”, enfatizou.

Os caravaneiros retornaram às 11h50. O céu continuou nublado pedindo para chover. A luta dos moradores da Vila Santa Luzia não poder parar. A Caravana Cremepe/Simepe continua nas comunidades recifenses, na poeira das ruas que sonhamos. Na sexta (01/06) mais duas comunidades serão visitadas: Jordão Baixo e Ibura (UR-4).

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Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.