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Especialistas propõem inserir temática no currículo de escolas médicas

saudeindigena_materiaA criação efetiva de estágios para estudantes de medicina em contextos indígenas em universidades brasileiras, em especial naquelas instaladas em regiões onde essas comunidades existem em maior quantidade. Essa é uma das principais propostas resultantes do I Seminário sobre Saúde Indígena, promovido pelo  Conselho Federal de Medicina (CFM), nesta quinta-feira (6).

De acordo com a coordenadora da Comissão de Integração de Médico de Fronteira, Dilza Ambros Ribeiro, uma das responsáveis pela organização do Seminário, os entendimentos serão mantidos individualmente com as escolas. A intenção é estimular os responsáveis pelos cursos a assimilarem a proposta dentro da grades das disciplinas não obrigatórias.

Para ela, conselheira federal pelo Acre, Estado onde vivem cerca de 20 mil indígenas, divididos em 16 etnias e 36 territórios, essa mudança na grade curricular trará ganhos para os pacientes e os futuros profissionais, que passarão a ter um contato maior com a cultura desses povos com repercussão no seu aperfeiçoamento técnico e também no aspecto ético.

Marco institucional – Na avaliação do presidente do CFM, Carlos Vital, a realização do I Seminário sobre Saúde Indígena representa um marco na atuação da autarquia nesta área. “Queremos compartilhar experiências e receber informações para oferecer aos povos indígenas propostas que agreguem soluções, sempre com respeito aos aspectos sociais e culturais”, disse.

A programação do encontro inclui abordagens sobre diferentes problemas de saúde prevalentes entre as populações indígenas, como desnutrição infantil, tuberculose e doenças infectocontagiosas. Além disso, há ainda números preocupantes relacionados ao alcoolismo e ao suicídio. Com respeito a esse tipo de agravo, enquanto a média nacional é de 5,3 casos para cada 100 mil habitantes, nos municípios indígenas, ela sobe para 30, chegando a 50 em São Miguel da Cachoeira (AM).

Ciente da complexidade implicada na abordagem das questões de saúde dos povos indígenas, o CFM procura conhecer o pensamento de comunidades e de especialistas de outras áreas que se dedicam ao tema. “Não podemos pensar em impor valores, mas, sim, em inaugurar diálogos paritários, com recíproca confiança”, ressaltou o presidente do Conselho Federal.

 Streaming – O I Seminário contou com grande adesão. Cerca de 300 participantes se inscreveram para acompanhar as exposições e debates, que também foram transmitidos via streaming. Representantes das comunidades indígenas também contribuíram com as discussões e elogiaram a iniciativa do CFM.

 O assessor para Assuntos Indígenas do Governo do Acre, Zezinho Kaxinawa, classificou o encontro como “importante”. Segundo disse, as medidas que forem tomadas podem ajudar na prevenção e no tratamento de doenças que afetam as comunidades por meio da adoção de políticas públicas.

 As atividades foram abertas com a presença de inúmeras autoridades, entre elas o governador Tião Viana. Dentre os palestrantes, nomes como os do deputado estadual Janilson Leite; o coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal do Acre, Rodrigo Silveira; o presidente da Confederação Médica Latino-Ibero-Americana e do Caribe (Confemel), conselheiro Jeancarlo Cavalcante; o professor, médico e padre Anibal Gil Lopes; e o assessor jurídico do CFM, José Alejandro Bullon.

Ainda houve exposições de conselheiro regional de medicina pelo Mato Grosso do Sul Faisal Augusto Alderete Esgaib; sociólogo e médico Francisco Albino Araújo; e do assessor do Distrito Sanitário Especial Indígena de Alto Puna, Ninawa Inu Pereira Nunes Huni Kull.

O alto nível dos debates e a participação importante de médicos e da comunidade estimularam o CFM a apostar em novos eventos desse tipo. De acordo com o presidente Carlos Vital, seminários semelhantes devem ser realizados nos próximos anos, colaborando com o aprofundamento em torno das temáticas ligadas à saúde indígena.