Cerca de seis mil médicos atenderam de imediato o apelo do Governo e se inscreveram em convocação extraordinária para reforçar o atendimento à população em unidades básicas de saúde de todos os estados, em capitais e no interior. Este é apenas mais um exemplo do engajamento dos profissionais de medicina na luta contra a pandemia da COVID-19 que, desde 11 de fevereiro, vem mobilizando esforços de vários setores da sociedade.
Em reconhecimento ao trabalho de todos os médicos brasileiros, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e os Conselhos Regionais de Medicina iniciam nesta segunda-feira (23) uma campanha para destacar o papel do profissional na assistência à saúde da população. Em peças que vão ser distribuídas em diferentes canais, a autarquia lembra o papel fundamental exercido por estes profissionais. “Você já pensou como seria enfrentar a COVID-19 sem médicos?”, essa é a pergunta central que busca levar a uma reflexão profunda sobre a relevância desses profissionais para a Nação.
500 mil – “No Brasil, existem quase 500 mil médicos em atividade. Todos comprometidos com a cidadania e com a ética no exercício da sua profissão. Há mais de dois séculos esses profissionais, formados no País, tem se dedicado a defender a saúde da população em todos os lugares. Agora, mais do que nunca, a saúde do Brasil depende dos médicos, que se arriscam diariamente para salvar vidas”, pontou o 1º secretário do CFM, Hideraldo Cabeça, responsável pela Coordenação de Comunicação.
Na prevenção e no combate à COVID-19, além da atuação nos postos de atenção básica e de saúde da família, indicados pelo Ministério da Saúde como porta preferencial para receber pacientes com sintomas de resfriados moderados, os médicos brasileiros estão de plantão em unidades de pronto atendimento (UPAs), prontos-socorros e hospitais para acolher pacientes com queixas que remetam à doença.
São eles que farão diagnósticos dos casos, e encaminharão para internação em hospitais e em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Médicos também estão diretamente envolvidos em ações de gestão de serviços, de planejamento operacional, no campo da epidemiologia e na implementação de estratégias para enfrentar o coronavírus.
Ações – Na avaliação do CFM, a força de trabalho nos hospitais, emergências e centros de saúde deve ser protegida, visando aliviar a carga que recebem e receberão por semanas e meses a fio, durante uma pandemia. O estresse das equipes causado pela superlotação dos serviços por conta da COVID?19, somada às demais patologias usualmente encaminhadas aos serviços e ainda pelo temor de se infectar e contagiar familiares, pode influenciar na atuação dos profissionais, que serão colocados face a situações-limite.
Para evitar esse desgaste, o 1º vice-presidente, Donizetti Giamberardino, alerta para a necessidade de os gestores públicos e privados garantirem condições de trabalho e de atendimento. “Não pode faltar planejamento e os problemas de infraestrutura devem ser evitados. Também é fundamental que os médicos e demais profissionais contem com itens imprescindíveis de proteção individual (EPIs) e de higienização das mãos”, ressaltou, ao afirmar que o Conselho monitorará o trabalho realizado e cobrará soluções para eventuais falhas.
Cansaço – Por sua vez, o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, chama atenção para outro aspecto relevante: o cansaço das equipes. Ele ressalta que os gestores dos serviços de saúde devem instituir horários de descanso e oferecer serviços que facilitem a vida dos médicos e demais profissionais, como alimentação, fornecimento de roupas de trabalho, salas de repouso, e instalações com chuveiros e facilidades para a higienização corporal ao entrar e ao sair dos plantões, por exemplo.
“A profissão médica que foi tão atacada, agredida e aviltada em diferentes esferas de gestão é agora requisitada para comandar a frente de batalha contra este inimigo desconhecido e tão poderoso, que está colapsando os sistemas de saúde no mundo e que pode vitimar os próprios membros das equipes de saúde. Os médicos brasileiros, que têm o compromisso histórico com a defesa da saúde e da vida, já aceitaram este desafio e estão liderando o processo de combate à COVID-19. Esse sentimento cidadão e o comprometimento com o exercício ético e competente da medicina serão fundamentais ao País na superação da crise recém iniciada”, arrematou Mauro.