Pesquisar
Agendar Atendimento Presencial

Serviços

ver todos

“É preciso que o Governo cuide de quem cuida”

Na foto representantes do Cremepe, Simepe e AMP em visita a hospital público durante o Dia Nacional de Protesto

As entidades médicas de todo país realizaram nesta quarta-feira (21.11) um dia de protesto contra a situação em que se encontra o sistema público de saúde brasileiro. Para marcar o Dia Nacional de Luta em Defesa da Vida aqui em Pernambuco, representantes da classe médica do Estado se mobilizaram em uma programação que colocou em pauta o Sistema Único de Saúde (SUS).

No começo da manhã houve uma entrevista coletiva com a imprensa para esclarecer as propostas da mobilização. Para responder e discutir essas questões o encontro contou com a presença dos presidentes do Conselho Reginal de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Dr. Carlos Vital; do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Dr. Mário Fernando Lins; da Associação Médica de Pernambuco (AMP), Dra. Jane Lemos; e da Federação das Cooperativas de Especialidades Médicas (Fecem), Dr. Assuero Gomes. Além do Dr. André Longo, vice-presidente do Cremepe e diretor da Federação Nacional dos Médicos e do Dr. Roberto Tenório, conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Na ocasião foram expostas as difíceis condições de trabalho enfrentadas pelos médicos no sistema público, a falta de financiamento e a má gestão dos recursos. Providências como a Emenda 29 e outras políticas orçamentárias foram discutidas.

Segundo os representantes, os médicos do Estado acabam não assumindo os postos de trabalho por conta da precariedade dos serviços públicos. “É preciso que o Governo cuide de quem cuida”, afirma Dr. Mário Lins, exigindo melhor estrutura de trabalho para os médicos. A melhoria nas condições de trabalho profissional gera, consequentemente, a melhoria no atendimento aos usuários do sistema público. “O que acontece é um genocídio”, disse Dr. Roberto Tenório a respeito da falta de estrutura e medicamentos no serviço público, que acaba por atingir a parte mais pobre da população. “Em Pernambuco, 90% da população não tem plano de saúde”, acrescentou Dr. Ricardo Paiva, conselheiro do Cremepe.

Entre as reivindicações dos médicos estão incluídos: melhores condições de trabalho para prestação de um atendimento melhor e mais eficiente à população; reajuste de 100% do montante destinado aos honorários médicos do SUS; e implantação do Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS) para os médicos do Sistema. Também é proposta uma carreira de Estado para os profissionais, que deveriam ter dedicação exclusiva ao sistema público.

Como instrumento de exercício da cidadania os representantes apresentaram um documento que já está disponível a todos os médicos e pacientes. Se trata de um formulário que deve ser preenchido quando um paciente de urgência não dispõe de medicamento e estrutura necessários para seu tratamento pelo SUS. O documento é entregue imediatamente pelo SIMEPE ao Ministério Público ou a algum juiz de plantão, cabendo ao própio poder público determinar seu futuro, encaminhando-o a algum hospital particular. Esse formulário permite aos médicos e pacientes colocar nas mãos do poder público o problema que vêm enfrentando e cobrar medidas mais efetivas.

Após a entrevista coletiva, houve um café da manhã, seguido por uma visita aos principais hospitais públicos do Recife. A visita funcionou como um ato público de protesto para marcar a data. Os médicos também irão enviar relatórios com dados sobre o atendimento no SUS às autoridades da Saúde.

Reportagem e fotos: Isabella do Valle.
Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.

CFM: Estados brasileiros aderem ao Dia Nacional de Protesto

O dia 21 de novembro constitui-se como marco. No próximo trimestre, os médicos vão colocar em prática uma ação estratégia de deflagrar paralisações relâmpago nos diversos estados brasileiros. Trata-se de um momento de alerta que segue de agora durante três meses. Um calendário com a programação das manifestações estaduais deve ser divulgado pela Comissão Pró-SUS no dia 28 de novembro.

A disposição contrária do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não diminuiu a movimentação em diversos estados brasileiros em torno do “Dia Nacional de Protesto”, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam), em conjunto com entidades locais.

De acordo com o conselheiro Geraldo Guedes, que particiopou da entrevista coletiva sobre o tema na manhã desta quarta-feira (21) na sede da AMB em São Paulo, os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Pernambuco estão entre os que já iniciaram as atividades de mobilização.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás, Salomão Rodrigues Filho, compareceu aos principais jornais e TVs concedendo entrevistas ao vivo sobre a mobilização. Foi produzido ainda um panfleto para ser entregue aos pacientes. De acordo com Rodrigues Filho, a movimentação foi grande nas unidades públicas no Dia Nacional de Protesto. Em Goiás, a proposta é paralisação apenas dos atendimentos eletivos.

Em Pernambuco, de acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina, Carlos Vital, houve um café da manhã e concentração na sede do Sindicato dos Médicos, com presença de membros da Associação Médica e conselheiros para coletiva à imprensa. “Saímos em caravana para visitar hospitais emblemáticos do Recife (Hospital da Restauração, Hospital Universitário Oswaldo Cruz e Getúlio Vargas). Houve presença maciça dos médicos e fomos acompanhados pelas redes de televisão. Também gravamos o programa Cremepe no Ar (toda terça-feira às 18h e aos sábados às 11h15, na TV Universitária, canal 11, PE) sobre o movimento”, assinalou.

Movimentação nos demais Estados

No Paraná, o movimento recebeu apoio da Associação Médica local. Em parceria com o Conselho Regional de Medicina, os paranaenses organizaram uma manifestação no Hospital de Clínicas da UFPR.

Em Mato Grosso, o Sindicato dos Médicos, o Conselho Regional de Medicina e a Associação Médica manifestaram apoio ao movimento.

Sergipe também aderiu ao protesto. De acordo com o conselheiro do CFM representante do Sergipe, Henrique Batista, o dia 21 figura como um marco para estabelecer estratégias coletivas na intenção de se mobilizar a mídia e a sociedade. Os meses seguintes podem culminar com uma paralisação nacional, embora esse desfecho não seja regra.

De acordo com o conselheiro Clóvis Constantino, o estado de São Paulo prepara-se para iniciar suas atividades relacionadas à mobilização nos próximos dias.

Reportagem: Vevila Junqueira, da Assessoria de Imprensa do CFM.