É antiga a polêmica em torno da utilização ou não de drenos após a realização de apendicectomia em crianças e adultos, particularmente em casos de peritonites difusas ou localizadas. Artigos científicos na literatura nacional e internacional colocam em dúvida a real eficácia de tais drenos quanto ao diagnóstico e prevenção das complicações pós-operatórias, principalmente formação de abscessos intracavitários e supuração da ferida cirúrgica. Sendo a apendicite aguda a causa mais freqüente de abdome agudo nas crianças com mais de dois anos de idade, depreende-se a importância da presente discussão. Por outro lado, por motivos de dificuldade de avaliação e diálogo com o paciente, bem como inespecificidade dos sintomas, é freqüente que, em crianças com menos de cinco anos de idade, o diagnóstico da apendicite aguda seja feito em fases mais tardias, com peritonite difusa e abscessos intraperitoneais.
Do ponto de vista prático, o dreno intracavitário é deixado até o sexto ou sétimo dia de pós-operatório, quando habitualmente não mais se verifica saída de secreções por ele. No entanto, habitualmente se verifica na prática que, apesar da colocação de drenos, ocorre a formação de abscessos intraperitoneais, cuja manifestação clínica é a persistência de febre e íleo adinâmico até a segunda semana de pós-operatório. Por vezes, abscessos intraperitoneais podem sofrer drenagem espontânea através da incisão cirúrgica que se torna deiscente para permitir a ampla drenagem do pus, porém sem a colocação prévia de drenos. Portanto, em crianças com apendicite aguda supurada, peritonite difusa ou localizada, a recomendação é que se proceda rigorosa limpeza mecânica das secreções e fibrina, seguida de fechamento total da incisão operatória e antibioticoterapia de largo espectro no período pós-operatório.
Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
Fonte: Revista da Associação Médica Brasileira (Uenis Tannuri).







