Dor crônica é discutida no Recife

Tema de simpósio no Recife, a dor crônica deixa de ser um sinal de alerta para se tornar a própria doença

A dor pode ser encarada como aquele inquilino inconveniente, mas necessário. Isso porque, apesar de incômoda, ela é importante por ser um sinal de alerta de que tem algo de errado acontecendo em nosso organismo. Ela, no entanto, precisa ser tratada para não virar uma dor crônica, que é persistente e possui efeitos deletérios em vários aspectos do dia a dia.

“A dor aguda é a dor fisiológica, de alerta. Já a dor crônica é extremamente desnecessária. Ela deixa de ser a causa da enfermidade para ser a própria doença”, explica o algologista Luciano Braun, médico responsável pela Clínica de Tratamento da Dor do Hospital Esperança. O profissional também responde pela presidência do Comitê de Tecnologias Intervencionistas da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).

Pessoas com dores crônicas costumam apresentar dificuldades no trabalho, alterações no humor e no sono e quadros psicológicos depressivos. Essa dor pode ter origem somática, neuropática ou visceral, mas seus efeitos podem ser sentidos em todo o organismo. Uma dor de cabeça sem causa aparente, por exemplo, pode estar sendo provocada por algum problema na coluna cervical. Falando nela, a lombalgia, ou dor de coluna, é a segunda dor que mais incapacita no mundo, sendo também a responsável pelo maior número de faltas no trabalho em países desenvolvidos. Importante dizer que o crescimento no número de queixas envolvendo problemas na coluna – hérnias de disco, artroses e fraturas, entre outras – tem acompanhado o aumento da longevidade da população em todo o mundo.

Se por um lado têm crescido os casos de pessoas com dores agudas e crônicas envolvendo a coluna, por outro, são cada vez maiores os avanços no tratamento desses problemas por meio de cirurgias conhecidas como minimamente invasivas. Graças a elas, entre outros benefícios, o paciente é capaz de retornar às atividades normais em aproximadamente duas ou três horas após a intervenção – quando seriam necessários três dias ou mais de internamento quando comparadas com as cirurgias abertas convencionais. Deve-se lembrar também o maior custo de repouso relacionado ao método antigo.

Simpósio – No Recife, o tratamento da dor crônica será tema de curso teórico e prático que será realizado nos dias 03 e 04 de dezembro no Auditório Inácio Cavalcante, Hospital Esperança, Ilha do Leite. O Simpósio de Técnicas Minimamente Invasivas no Tratamento da Dor terá início às 8h e enfatizará a dor envolvendo a coluna.

O primeiro dia será inteiramente destinado às atividades teóricas. O segundo será reservado à parte prática, com a realização de intervenções cirúrgicas em pacientes previamente selecionados. ”Os pacientes que serão operados serão escolhidos entre pessoas carentes. E será gratuito para eles”, explica Braun. As cirurgias poderão ser acompanhadas por todos os participantes do encontro, de nível nacional, por meio da transmissão simultânea para o auditório do hospital.

O simpósio é uma realização do Comitê de Técnicas Intervencionista da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) e da Clínica de Tratamento da Dor do Hospital Esperança. O encontro tem ainda o apoio do Hospital Esperança; da Clínica de Dor do serviço de anestesiologia do Hospital das Clínicas da UFPE; do Comitê de Cirurgia Minimamente Invasiva da Sociedade Brasileira de Coluna; da Sociedade de Anestesiologia do Estado de Pernambuco; da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Pernambuco; e da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. O público-alvo do evento são os médicos. Os coordenadores do encontro são os médicos Luciano e Leandro Braun. Informações e inscrições: (81) 3465.5321.

Simpósio de Técnicas Minimamente Invasivas no Tratamento da Dor

Programação Científica (Dia 03 de dezembro)

8h às 8h10 – Abertura

MESA I

Presidente: Maria Célia Costa (PE)

Coordenador: Nadja Duarte (PE)

8h10 às 8h30 – Tratamento clínico das lombociatalgias – Dr. Jayme Olavo Marquez, neurologista (MG);

8h30 às 8h50 – Noções básicas de avaliação da RMN da coluna – Dr. Silvio Litvin, radiologista (PE);

8h50 às 9h10 – Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna Vertebral: Passado, Presente e o Futuro – Dr. Pio Sun Choi, ortopedista (SP);

9h10 às 9h30 – Bloqueio epidural com corticóide: indicações, complicações e evidências – Dr. Fernando Prado, anestesiologista (PE);

9h30 às 9h50 – Lise de fibrose epidural – Dr. Fabrício de Assis, anestesiologista (SP)

9h50 às 10h – Discussão

10h às 10h20 – Intervalo

MESA II

Presidente: Dr. Pio Sun Choi (SP)

Coordenador: Dr. Fabrício de Assis (SP)

10h20 às 10h40 – Disco intervertebral: mecanismo neural da dor discogênica – Dr. Fernando Schmidt, neurocirurgião (RS);

10h40 às 11h – Tratamento intervencionista percutâneo intradiscal – Dr. Luciano Braun, anestesiologista (PE);

11h às 11h20 – Microdiscectomia videoendoscópica para hérnia disco lombar – Dr. Fernando Schmidt, neurocirurgião (RS);

11h20 às 11h40 – Vertebroplastia x cifoplastia – Dr. Romero Marques, radiologista intervencionista (PE);

11h40 às 12h – Discectomia percutânea lombar: visão do ortopedista – Dr. Pil Sun Choi, ortopedista (SP)

12h às 12h15 – Discussão

12h15 às 14h – Almoço

MESA III

Presidente: Geraldo de Sá Carneiro (PE)

Coordenador: Alexandre Amaral (RJ)

14h às 14h20 – Sistemas de infusão intratecal em dor crônica – Dr. Alexandre Amaral, neurocirurgião (RJ);

14h20 às 14h40 – Diagnóstico e tratamento da dor sacro-ilíaca – Dr. Luciano Braun, anestesiologista (PE);

14h40 às 15h – Abordagem clínica e cirúrgica da estenose do canal vertebral – Dr. Geraldo Sá Carneiro, neurocirurgião (PE)

15h às 15h10 – Discussão

15h10 às 15h30 – Intervalo

MESA IV

Presidente: Júlio Lustosa (PE)

Coordenador: Jayme Olavo Marquez (MG)

15h30 às 15h50 – Neuroestimulação medular em dor crônica: indicações e evidências – Dr. Júlio Lustosa, neurocirurgião (PE);

15h50 às 16h10 – Diagnóstico e tratamento da síndrome facetaria cervical – Dr. Fabrício Assis, anestesiologista (SP);

16h10 às 16h30 – Diagnóstico e tratamento da síndrome facetaria lombar – Dr. Leandro Braun, anestesiologista (PE)

16h30 às 16h40 – Discussão

16h40 – Encerramento