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Conselheiros do Cremepe debatem atendimento ao COVID-19 com SES e especialistas

Texto: Joelli Azevedo e Isabela Alencar

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) promoveu na noite de ontem, segunda-feira (16/03), uma reunião sobre o coronavírus (COVID-19). O objetivo do encontro foi atualizar os conselheiros sobre as informações da pandemia através dos dados da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. Participaram do encontro dos conselheiros, diretores do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Cristina Mota, representando o secretário de saúde, o diretor do Centro de Informações de Vigilância em Saúde Estratégica de Pernambuco (Cievs-PE), George Dimech, o infectologista, Demetrius Montenegro, além do diretor médico do Real Hospital Português, Cristiano Hecksher.

O presidente do Cremepe, Mario Fernando Lins, abriu o encontro destacando a importância de reunir autoridades do Estado para falar sobre o novo coronavírus que está causando muitos questionamentos entre os médicos.

“Nós estamos há três meses nessa epidemia, é uma epidemia que muito rapidamente já estabeleceu vários níveis de ativação, vários protocolos de resposta. Nós estamos na fase de contenção. É um desafio como outros que a gente passou como o H1N1, em 2009, a cólera nos anos 90, a microcefalia em 2015. Um desafio que exige a mudança de rotina que vai ser bem intensa e vamos passar alguns meses mudando o comportamento em prol da diminuição da velocidade de transmissão do vírus”, explicou George Dimech, que em seguida apresentou o Boletim Epidemiológico 05 do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública – COVID-19.

O especialista apresentou a atualização de transmissão de forma local – ocorrência de caso autóctone com vínculo epidemiológico a um caso confirmado identificado – e comunitária quando a ocorrência de casos autóctones sem vínculo epidemiológico a um caso confirmado, em área definida, ou se for identificado um resultado laboratorial positivo sem relação com outros casos na iniciativa privada ou na rotina de vigilância de doenças respiratórias (ver quadro) ou a transmissão se mantiver por 5 (cinco) ou mais cadeias de transmissão. Pernambuco está na fase de contenção.

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) – Na oportunidade, o diretor médico do Real Hospital Português, Cristiano Hecksher, que já tem dois casos confirmados na unidade e com o fluxo definido para os atendimentos fez uma explanação do que tem ocorrido na unidade.  “Já passaram por nós 12 casos e tenho realmente 2 casos muito graves em pacientes idosos”, disse. E completou “nós precisamos muito do apoio da comunidade médica, neste momento estamos fazendo o melhor possível baseado em evidências”.

Já Demetrius Montenegro, especialista da Secretaria de Saúde que trabalha no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) e Real Hospital Português (RHP), explicou as características da pandemia. “O medo é natural, mas não podemos perder o controle. Temos que estar sempre alinhados com os órgãos de controle. Ainda tem muita coisa a ser ajustada, é natural, porque uma epidemia é dinâmica”, explicou.

Sobre os EPIs dos serviços, ele falou da necessidade de pensar na retaguarda do profissional de saúde. “O maior medo é que profissional de saúde tem 40% de chance de se contaminar. Naquela onda da China as pessoas (profissionais de saúde) não atendiam com proteção e a sobrecarga de trabalho induziu a erros”, explicou. “O EPI é seguro, mas se contamina pela sobrecarga de trabalho e falta de atenção”, completou Demetrius. “A gente precisa respirar fundo, é inevitável, e não adianta dizer que não vai para a fronte. O estado fez uma contratação de pessoal para o HUOc, mas dependendo do volume vão entrar as outras especialidades e quem tiver CRM”. De acordo com a representante da Secretaria de Saúde, Cristina Mota, o plano de contingência do estado está sendo revisado para atender à possível alta na demanda nas unidades de terapia intensiva. “No cenário de 3 % da população precisar de UTI a previsão é de se abrir 200 leitos”, pontua Cristina.

 Segurança do profissional de saúde – O presidente do Cremepe, Mario Fernando Lins, destacou a preocupação do Conselho com a segurança dos profissionais médicos que atuam na linha de frente no combate à pandemia e pontuou que desde o dia 10 de fevereiro promove eventos de educação continuada sobre o vírus na autarquia. A presidente do Simepe, Claudia Beatriz, também mostrou sua preocupação com a categoria, alertando os presentes sobre os perigos dos profissionais se exporem à transmissão sem a proteção adequada. “Em nome de toda a base médica, posso dizer que temos dois mundos: o público e o privado. Não foi dito no serviço público quando começar a usar o equipamento de proteção”, afirmou Claudia Beatriz.