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Expoentes da medicina recebem comendas do CFM, em Congresso de Humanidades Médicas

comenda2015_cerimoniaEm uma cerimônia acompanhada por médicos, estudantes e profissionais de diversas áreas que participam do V Congresso de Humanidades Médicas, em Goiânia (GO), importantes personalidades receberam honrarias que há cinco anos o Conselho Federal de Medicina (CFM) entrega publicamente a “médicos brasileiros que se destacaram pelo compromisso ético, técnico, acadêmico, científico e social com o país”, como descreveu o presidente da autarquia, Carlos Vital, ao abrir a solenidade. Este ano, os agraciados são a presidente da Academia Brasileira de Médicos Escritores (Abrames), Juçara Regina Viegas Valverde; o cardiologista Anis Rassi; o vanguardista da luta pela proteção e desenvolvimento da região amazônica, Camillo Martins Viana; o médico da Fiocruz Zilton de Araújo Andrade, um dos principais pesquisadores do Brasil em doenças endêmicas, e o especialista em Bioética William Saad Hossne. Ao receber a comenda Moacyr Scliar, de Medicina, Literatura e Arte das mãos do 2° secretário do CFM, Sidnei Ferreira, a médica Juçara Regina Viegas Valverde compartilhou com o público um poema que leu para os seus alunos. O texto conclama “que humanizar a vida seja uma das metas [desses jovens]”. Para Juçara, “trabalhar pela cultura e pela educação é uma grande oportunidade e nós médicos somos assim, nós ensinamos uns aos outros”.

O cardiologista Anis Rassi recebeu a Comenda Sérgio Arouca, de Medicina e Saúde Pública das mãos do conselheiro federal Salomão Rodrigues Filho. Em seu pronunciamento, o médico, que atualmente é diretor-presidente do Hospital do Coração batizado com o seu nome, relembrou com emoção história da criação dos conselhos de medicina, da qual ele e os irmãos, cinco médicos, participaram ativamente. Segundo ele, em Goiás, o irmão, Fued Raul Rassi, apesar de ser o primeiro da fila no dia dos primeiros registros goianos, recebeu a inscrição número dois ao ceder lugar para o colega João Teixeira Álvares Júnior. Anis Rassi, por sua vez, recebeu a inscrição número 16. Ele e a família Rassi têm, assim, a sua marca inscrita na história do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego). Ao falar da satisfação em receber o prêmio, ele o dedicou à sua esposa, Evelyn Gabriel Rassi: “Eu divido essa láurea com a minha esposa porque ela jamais reclamou do tempo que eu gastei até altas horas da madrugada elaborando trabalhos científicos para serem apresentados em congressos. Essa comenda será um incentivo para eu continuar com a obra há mais de 60 anos desenvolvida”.

A filha de Camillo Martins Viana, Aline Viana, recebeu o prêmio dedicado ao seu pai das mãos do presidente do CFM, Carlos Vital. Após dividir com os participantes a história de Viana – um dos criadores da Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia (Sopren) –, ela disse: “Meu pai está completando 90 anos em abril próximo e enviou a mensagem de que está muito emocionado”.

O 2º vice-presidente do CFM, Jecé Freitas Brandão, entregou a Comenda Fernando Figueira, de Medicina e Ensino Médico, destinada a Zilton de Araújo Andrade. Andrade foi representado na cerimônia pelo presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), José Abelardo Garcia de Meneses. “Estou convicto de que grande a maioria dos quase 20 mil médicos baianos gostaria de estar aqui no meu lugar representando o Zilton. Ele é um homem extraordinário, continua em atividade na Fiocruz, e o Cremeb se sente honrado com esse momento”, destacou.
William Saad Hossne, editor da Revista Bioethikos, agraciado com a Comenda Mario Rigatto, de Medicina e Humanidades, havia recebido a honraria dias antes – ocasião em que encantou a todos com sua sabedoria e simplicidade – e foi lembrado pelos colegas durante a premiação em Goiânia.

Diversas autoridades acompanharam a cerimônia, representando órgãos e empresas como a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, a Academia Goiana de Medicina, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, a Unimed Goiânia, o Cremego, a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (AHPACEG), a PUC Goiás e o Hospital das Clínicas da UFG.

Conheça aqui ou também confira abaixo a biografia dos homenageados.

 Juçara R. V. Valverde

“Sou miscigenada: português, francês, espanhol, índio e negro. Múltipla de sentimentos e devaneios. Aos nove anos, o mundo fantástico dos poemas surgiu com o meu avô Viégas, que na cadeira de balanço recitava poemas em francês e contava histórias. Meu primeiro guru”. Assim se descreve Juçara Valverde. Médica graduada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1969, hoje professora assistente de Cirurgia Geral da Faculdade de Ciências Médicas (UERJ). A sua trajetória imprime marca na instituição, como a criação da segunda Residência em Fonoaudiologia do Brasil. Da experiência acadêmica e da atuação na chefia do plantão geral do Hospital Universitário Pedro Ernesto, também nasceu o gosto pela gestão hospitalar. O aprendizado se consolidou em instituições brasileiras, como na ENSP/Fiocruz, e estrangeiras em países como França e Espanha. “A Literatura registra minhas emoções. Vinte e dois livros de poesia e literatura infantil. Gosto de livros porque o que está escrito passa de mão em mão, anda de navio ou avião, segue além de nós; encontrado em casas, escolas e bibliotecas; lido hoje e amanhã e ainda reúne vivências e expertises. Minha mãe me ensinou a gostar de gente”, relata Juçara.

Anis Rassi

Anis Rassi, nascido em Vianópolis (GO) em 1929, filho de Abrão e de Mariana, o nono de uma prole de dez. Casado com Evelyn, o casal teve cinco filhos, que lhes deram 11 netos. Formou-se na Faculdade de Medicina (FM) da então Universidade do Brasil em 1953. Especializou-se em cardiologia durante 1954, cumprindo estágios por mais de dez anos. Desenvolveu a sua atividade profissional, a partir de 1955, na Casa de Saúde Dr. Rassi (GO), depois nos hospitais Rassi (GO) e São Salvador (GO). Hoje é diretor-presidente do Hospital do Coração (HC) Anis Rassi (GO). Integrou o Grupo de Fundadores da FM da Universidade Federal de Goiás (UFG) nos primórdios de 1960 e, desde 1955, dedica-se ao estudo da Doença de Chagas em suas fases aguda e crônica. É autor ou coautor de 135 trabalhos científicos sobre a endemia. Apresentou 485 trabalhos como autor ou coautor, no Brasil e no exterior, e tem sido consultor da Organização Mundial de Saúde. Recebeu 44 láureas ou prêmios como: Ordem do Mérito Anhanguera no grau de Grão Cavaleiro (GO); Orden de Andrés Bello, classe Banda de Honor (Venezuela); professor emérito da FM/UFG; epônimo do Ambulatório de Doença de Chagas Anis Rassi, do HC da FM/UFG, e Destaque Docente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Camillo Martins Vianna

Camillo Martins Vianna nasceu em Belém do Pará, em 14 de abril de 1926, e formou-se, em 1952, pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará (atual Faculdade de Medicina da UFPA). Fez Residência no estado da Guanabara e, ao retornar a Belém, iniciou suas atividades como médico, que o ligaram, de maneira inexorável, à população da Amazônia e à sua terra. Conheceu profundamente a região em incontáveis viagens aos mais variados, remotos e isolados locais. A atuação como médico do serviço público e professor universitário levaram Vianna à compreensão de que a saúde está relacionada à preservação da natureza e da cultura. Em 1968, foi um dos criadores da Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia (Sopren). Coordenou o Projeto Rondon para a Amazônia Oriental, Pará e Amapá e o Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária da UFPA, da qual foi pró-reitor de extensão e vice-reitor. Em mais de 50 anos, tornou-se uma das maiores autoridades quando o tema é a Amazônia. Hoje, próximo dos 90 anos, continua empenhado em seu compromisso com a terra que o viu nascer, com a profissão que escolheu e com o povo que o acolheu: “Sou filho do Norte, em Belém do Pará nasci. Discípulo de Hipócrates, do princípio ao porvir”.

Zilton de A. Andrade

Graduado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1950, dedicou-se aos estudos de Patologia fazendo Residência pela Tulane University School of Medicine (EUA) e doutorado pela Universidade de São Paulo (USP). Com Livre Docência pela UFBA e pós-doutorado Research Fellow pelo Mount Sinai Hospital (EUA), foi professor da Faculdade de Medicina da UFBA, onde alcançou os títulos de professor titular e emérito. Também foi professor visitante da Cornell University Medical College (EUA) e pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) até aposentar-se. Atualmente, exerce cargo de Direção e Assessoramento Superior na chefia do Laboratório de Pesquisa Experimental e de professor permanente do curso de pós-graduação em Patologia Humana (UFBA/ Fiocruz), orientando dissertações de mestrado e teses de doutorado, além de projetos de iniciação científica. Os seus principais interesses em pesquisa dizem respeito a modelos experimentais de fibrose (esquistossomose murina e fibrose septal associada com infecção por Capillaria hepatica no rato) e cirrose hepática (pelo tratamento com tetracloreto de carbono no rato) e à patologia das doenças parasitárias, especialmente esquistossomose e Doença de Chagas.

William Saad Hossne

Graduado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1951, é fundador e 1º presidente da Sociedade Brasileira de Bioética. Foi professor titular da Faculdade de Medicina (FM) de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), e exerceu a Livre Docência na USP e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Criador e coordenador do programa de pós-graduação em Cirurgia Experimental da FM/ Botucatu, Hossne presidiu a Associação Brasileira de Educação Médica e também foi membro do Conselho Consultivo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Comitê Assessor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dentre os seus prêmios, estão: Gratidão do Município (SP), Benedicto Montenegro (CBC), Guerreiro da Educação (Estadão/CIEE), além de 11 da Academia Nacional de Medicina. Por 11 anos, coordenou o Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e hoje é professor emérito da FM/Botucatu, presidente da Comissão de Ética da UNESP e do Conselho de Curadores da UFSCar, coordenador do programa de pós-graduação em Bioética do Centro Universitário São Camilo e do Núcleo de Bioética em Situação Clínica do Hospital das Clínicas de Botucatu, além de editor da Revista Bioethikos.