Foto: Joelli Azevedo
As entidades médicas de Pernambuco – Cremepe, Simepe e AMPE em parceria com a Sociedade Pernambucana de Psiquiatria – SPP, realizaram no sábado (03.09), o primeiro Simpósio sobre Suicídio, tendo como público alvo os médicos não psiquiatras, estudantes e residentes. O evento aconteceu das 08h30 às 17h, no auditório da sede do Cremepe, no bairro do Espinheiro/Recife.
A abertura do encontro contou com a participação do presidente do Cremepe, André Dubeux, e da coordenadora do evento, a conselheira Jane Lemos. As entidades médicas também estavam representadas pelo presidente e vice-presidente do Sindicato, Tadeu Calheiros e Cláudia Beatriz; presidente da AMPE, Helena Carneiro Leão; diretoria da Sociedade de Psiquiatria com Frederick Lapa Filho; Inspetoria de Saúde do Comando Militar do Nordeste com Ângela Tavares e com o representante do Centro de Valorização da Vida, Roger Barros.
De acordo com o presidente do Cremepe, é preciso discutir mais o assunto com a sociedade. “Este ano já tivemos oito colegas que se suicidaram, então, este assunto está na discussão interna dos Conselhos. Sabemos que não é uma particularidade só do médico, a sociedade como um todo clama por essa discussão”, explicou Dubeux.
O encontro chamou a atenção do residente de medicina de família e comunidade, Carlos Henrique, que veio ao evento porque atende pacientes com pré disposição ao suicídio. “O meu maior interesse é por conta dos meus pacientes pois muitos deles têm depressão, transtorno afetivo bipolar ou outra coisa ligada à tentativa de suicídio. Toda semana atendo pelo menos dois que têm pensado em suicídio, por isso, achei extremamente importante para mim participar do encontro para ficar atualizado, ouvir outras pessoas, experiências e de alguma forma ajudar meus pacientes” – disse.
Vale salientar que a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) trouxe para o Brasil a campanha internacional Setembro Amarelo, idealizada pela Organização Mundial da Saúde em 2015. O Setembro Amarelo tem como principal objetivo a prevenção do suicídio e a defesa da vida. O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, motivo pelo qual a campanha é feita principalmente em setembro, apesar de suas ações serem contínuas. A meta principal é combater o estigma que envolve o tema e informar a população, incentivando a mídia a falar sobre o assunto.
Suicídio entre médicos: Qual a realidade?
Na primeira conferência, a professora e doutora Alexandrina Meleiro, da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, abordou o tema Suicídio entre médicos: um assunto negligenciado, com enfoque causas do suicídio: ansiedade, depressão, abuso de drogas. Segundo ela, o suicídio continua sendo um tabu; complexidade de múltiplas faces, uma vez que envolve aspectos filosóficos, biológicos, sociais, psíquicos, jurídicos, religiosos e culturais. Alexandrina Meleiro enfocou ainda situações de alerta (risco iminente de suicídio) em função de desespero, desesperança, depressão e dependência química. De acordo com dados atuais da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3.000 pessoas por dia cometem suicídio no mundo, o que significa que a cada 30 segundos uma pessoa se mata. Estima-se que para cada pessoa que consegue se suicidar 20 ou mais tentam sem sucesso e que a maioria dos mais de 1,1 milhão de suicídios a cada ano poderia ser prevista e evitada.
O suicídio é atualmente uma das três principais causas de morte entre os jovens e adultos de 15 a 34 anos, embora a maioria dos casos aconteça entre pessoas de mais de 60 anos. Ainda conforme informações da OMS, a média de suicídios aumentou 60% nos últimos 50 anos, em particular nos países em desenvolvimento. Cada suicídio ou tentativa provoca uma devastação emocional entre parentes e amigos, causando um impacto que pode perdurar por muitos anos.